Após uma fracassada tentativa de golpe de Estado, o general António de Spínola foge de Portugal para a Espanha e depois ao Brasil, onde lhe é concedido asilo, em 15 de março de 1975, pela ditadura militar brasileira.
Quem foi o general António de Spínola
António Sebastião Ribeiro de Spínola foi um militar e político português, 14º presidente da república portuguesa e o primeiro após a Revolução dos Cravos de 25 de abril de 1974. Estudou no Colégio Militar em Lisboa entre 1920 e 1928. Em 1939, tornou-se ajudante de campo na Guarda Nacional Republicana.
Germanófilo, partiu em 1941 para a frente russa como observador das operações militares da Wehrmacht, no início do cerco a Leningrado, onde já se encontravam voluntários portugueses incorporados à Divisão Azul.
Em 1961, em carta dirigida a Oliveira Salazar, oferece-se como voluntário para a Guerra Colonial em Angola. Notabilizou-se no comando do Batalhão de Cavalaria n.º 345, entre 1961 e 1963.
Foi nomeado Governador Militar da Guiné-Bissau em 1968 e, de novo, em 1972, no auge da Guerra Colonial. Seu prestígio nesse cargo deveu-se a uma política de relativo respeito pelas individualidades das etnias guineenses. Contudo, continuava a guerra por todos os meios ao seu dispor que iam da diplomacia secreta – encontro secreto com Leopold Sedar Senghor, presidente do Senegal – a incursões armadas em países vizinhos – ataque a Conakri, Operação Mar Verde.
Em novembro de 1973, regressado à metrópole, foi convidado pelo sucessor de Salazar, Marcelo Caetano, para a pasta do Ultramar, cargo que recusou por não aceitar a intransigência governamental face às colônias.
Em 17 de janeiro de 1974, foi nomeado vice-chefe do Estado Maior das Forças Armadas, por sugestão do comandante das Forças Armadas, general Costa Gomes, cargo de qual foi afastado em março. Pouco tempo depois, mas ainda antes da Revolução dos Cravos, publica “Portugal e o Futuro”, em que expressa a ideia de que a solução para o problema colonial português passava por outras vias que não a continuação da guerra.
Em 25 de abril de 1974, como representante do Movimento das Forças Armadas, recebeu do presidente do Conselho de Ministros, Marcello Caetano, que se refugiara no Quartel do Carmo, a rendição do governo. Isto lhe permitiu assumir os poderes públicos, apesar de essa não ter sido a intenção original do MFA.
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Defensor da guerra e com inclinação fascista, Spínola passou a comandar um grupo anticomunista no Brasil
Instituída a Junta de Salvação Nacional, que passou a deter as principais funções de condução do Estado após o triunfo da Revolução, foi escolhido pelos seus camaradas para exercer o cargo de Presidente da República, cargo que ocuparia de 15 de maio de 1974 até sua renúncia em 30 de setembro, quando foi substituído pelo general Costa Gomes.
Descontente com o rumo dos acontecimentos em Portugal após a Revolução dos Cravos, em especial pela postura de esquerda da maioria dos jovens oficiais e pela perspectiva de independência plena para as colônias, tenta intervir ativamente na política para evitar a aplicação completa do programa do Movimento das Forças Armadas.
Ocorre sua demissão da presidência após o fracasso da manobra de 28 de setembro de 1974, quando apelou a que se ouvisse uma suposta “maioria silenciosa” contra a radicalização política que se vivia. Envolve-se em conspirações e, fracassada a tentativa de golpe de Estado de direita em 11 de março de 1975, foge para a Espanha e em seguida para o Brasil.
No mesmo ano, passa a presidir o MDLP (Movimento Democrático de Libertação de Portugal), grupo de ação política anticomunista, liderado a partir do Brasil, comandando uma rede de terroristas que agiram nos tumultuosos anos que se seguiram à Revolução dos Cravos.
Não obstante, sua importância no início da consolidação do novo regime democrático foi reconhecida oficialmente em 5 de fevereiro de 1987, pelo então presidente Mario Soares, que o designou chanceler das Antigas Ordens Militares, o tendo condecorado também com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, a segunda maior insígnia da principal ordem militar portuguesa, pelos “feitos de heroísmo militar e cívico e por ter sido símbolo da Revolução de Abril e o primeiro presidente da República após a ditadura”.
Em 13 de agosto de 1996, morre Spínola, aos 86 anos, vítima de embolia pulmonar.
Também nesta data:
44 a.C. – Caio Júlio César é assassinado em Roma
1888 – Heinrich Hertz propõe uma teoria de ondas eletromagnéticas
1939 – Exército de Hitler invade a Tchecoslováquia
1972 – “O Poderoso Chefão” estreia nos cinemas