Amazon destrói 3 milhões de produtos novos por ano, diz TV francesa
A gigante norte-americana do comércio on-line Amazon destrói em seus depósitos milhões de novos itens, que não são vendidos ou que são devolvidos anualmente. A denúncia foi feita pelo programa “Capital” do canal M6 da TV francesa, na noite desta sexta (11).
Em um programa, um jornalista do canal mostra como ele conseguiu ser contratado como auxiliar administrativo no almoxarifado de um dos armazéns da Amazon, em Saran (centro), para filmar as práticas da empresa. As imagens mostram os grandes recipientes destinados à destruição de objetos de todos os tipos: fraldas, máquinas de café, televisores, brinquedos em depósitos.
O jornalista, que também coletou os depoimentos de vários ex-funcionários, revela as cláusulas contidas nos contratos entre a plataforma da Amazon (“market place”) e os fornecedores terceirizados que hospedam e armazenam os produtos em seus armazéns. Nestes documentos, é proposto que as empresas, em caso de não-venda, devolvam seus bens ou os destruam mesmo que sejam novos, uma prática legal mesmo que “revoltante”, denuncia a reportagem do canal M6.
Fora da lei
Assim, em Chalon-sur-Saône, um dos seus menores depósitos na França, 293.000 produtos foram enviados para a sucata, quase todos novos, em apenas nove meses, revelou o programa apresentado por Julien Courbet, citando fontes sindicais. Somados todos os armazéns do gigante norte-americano, há potencialmente cerca de 3 milhões de novos produtos que seriam descartados por ano, segundo a TV.
A Amazon France explicou “esforçar-se para minimizar o número de produtos devolvidos por (seus) clientes, tanto em seu interesse como no deles”. “Para produtos que não podem ser revendidos, trabalhamos com organizações como Doações e Bancos de Alimentos para doar para pessoas necessitadas”, diz a empresa.
O programa também mostra, via imagens filmadas por meio de drones, a rota de produtos jogados em incineradores ou aterros, um desastre ecológico denunciado pela associação francesa “Amigos da Terra”. Em setembro do ano passado, a associação registrou um processo na Diretoria Geral de Concorrência, Consumo e Repressão a Fraudes (DGCCRF), para alertá-la sobre “práticas comerciais enganosas” da Amazon, acusada de várias violações da lei, incluindo falhas em praticar a recuperação de resíduos elétricos e eletrônicos, imposta pelo Código Ambiental.
A associação “Amigos da Terra” explicou que havia sido alertada por uma reportagem do programa “Frontal 21”, no canal de TV alemão ZDF, transmitido em junho de 2018, no qual funcionários da Amazon disseram ter destruído produtos (máquinas de lavar louça e máquinas de lavar roupa) devolvidos pelos clientes, a maioria em perfeito estado de funcionamento ou com ligeiros defeitos.
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