Os analistas da Troika (grupo formado por Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) rejeitaram os cortes apresentados pelo governo da Grécia desde o último final de semana.
“A Troika não aceitou todas as nossas propostas para o plano econômico”, explicou ao final do encontro, nesta segunda-feira (10/09), Evangelos Venizelos, líder do partido social-democrata Pasok (Partido Socialista Pan-helênico), que compõe a coalizão que forma o governo. Já o representante do FMI, Poul Thomsen, afirmou que a reunião foi “boa”, mas nem todos concordaram com o plano.
O projeto de austeridade fiscal apresentado pelo governo, liderado pelo conservador Antonis Samaras, prevê uma economia de gastos públicos de 11,6 bilhões de euros (29,6 bilhões de reais) para os próximos dois anos.
A aprovação da Troika é necessária para que o país receba um aporte de 31,5 bilhões de euros (81 bilhões de reais) dos demais países integrantes da União Europeia. O valor foi estipulado no início do ano para ajudar a pagar juros da dívida pública grega.
O ponto principal da discórdia é que os partidos menores da coalizão que formam o governo, o Pasok e o Dimar, de centro-esquerda, se opõem a reduzir os salários dos funcionários públicos e as pensões mais baixas, uma das exigências da Troika. Por isso, apresentaram uma série de medidas alternativas que foram rechaçadas pelos representantes de credores.
A Troika quer que o governo demita mais funcionários e aumente a idade de aposentadoria de 65 para 67 anos. Segundo os representantes da entidade, estas medidas resultariam em uma economia de 900 milhões de euros anuais.
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Segundo o jornal grego Ekathimerini, a Troika também não se convenceu sobre o plano grego de cortar 2,2 bilhões de euros em investimentos públicos e o financiamento de instituições locais. Também ignoraram o corte de 450 milhões de euros em armamentos, porque não se trataria de uma economia a longo prazo. “Ainda estamos tentando convencê-los de nossas posturas. As negociações continuam”, disse oministro das Finanças Yannis Stournaras.
Crise política
O impasse pode também causar uma ruptura na coalizão do governo. Samaras foi eleito e recebeu apoio do Pasok e do Dimar com a promessa de que conseguiria suavizar a rigidez das exigências da Troika, o que não está ocorrendo.
“Não terminamos as medidas ainda. Nós exigimos que as medidas não sejam injustas, que não atinjam apenas os mais pobres e que sejam acompanhadas de medidas que impulsionem o desenvolvimento”, explicou Fotis Kouvelis, líder do Dimar, que se reuniu com Venizelos e Samaras em uma reunião posterior. Eles ainda não chegaram a um acordo para fazer novas concessões.
Kouvelis também avisou Samaras que o apoio de sua formação ao governo “não é incondicional” e que os vizinhos europeus e a Troika “devem entender que a sociedade (grega) está dividida”. “A sociedade não pode aguentar mais cortes injustos.”
Segundo Venizelos considerou, o objetivo das novas medidas não é a obtenção de superávit através de cortes, “mas pela retomada do crescimento”.
Futuro
Uma nova reunião entre os três líderes políticos do governo grego foi marcada para quarta-feira (12) para tentar chegar a um acordo sobre os cortes, depois do encontro entre Samaras e o presidente do BCE, Mario Draghi, previsto para esta terça-feira (11).
(*) com agências internacionais