O governo de Israel anunciou na noite desta quinta-feira (13/05) ter iniciado uma missão terrestre contra a Faixa de Gaza.
Segundo o jornal Times of Israel, a operação ainda não é uma invasão, pois o exército israelense está utilizando tanques e artilharias das forças de segurança que ficam alocadas na fronteira entre os territórios.
Entretanto, segundo o jornal britânico The Guardian, o porta-voz do Exército israelense Jonathan Conricus disse que soldados “entraram no enclave palestino”. Desde o início das hostilidades, na terça-feira (11/05), Israel estava realizando apenas ataques aéreos contra a região.
O repórter da emissora Al Jaazera Harry Fawcett, que está na região, informou que ouviu disparos de artilharia contra Gaza e tiros de metralhadoras de um helicóptero, ao mesmo tempo que automóveis blindados se moviam em direção à fronteira entre os territórios. Fawcett disse ainda que disparos de artilharia intensiva duraram cerca de uma hora.
Safwat al-Kahlout, outra repórter da emissora catari, afirmou que ouviu uma “onda” de ataques aéreos de Israel e uma concentração no norte de Gaza de artilharia e tanques de guerra. “Nós conseguimos ouvir um monte de explosões”, disse.
Pelo Twitter, as autoridades israelenses indicaram apenas que tropas “aéreas e terrestres” estavam atacando a região, sem divulgar detalhes.
Segundo o Times of Israel, Gaza foi atingida com pelo menos 150 ataques aéreos nas últimas horas. Ainda de acordo com o jornal, as forças de Defesa de Israel ordenaram que todos os cidadãos que moram em um raio de quatro quilômetros entrem em um abrigo antibombas e permaneçam até uma nova determinação.
Mais cedo, ainda nesta quinta-feira, o porta-voz do Exército de Israel Hidai Zilberman já havia afirmado que diversos planos para uma invasão terrestre à Faixa de Gaza seriam apresentados aos comandantes israelenses ainda hoje. Em entrevista à emissora Canal 12, Zilberman afirmou que soldados já estavam sendo mobilizados na fronteira e que seriam usados “quando nós decidirmos”.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que a operação de ataques contra a região da Faixa de Gaza “continuará pelo tempo que for necessário”. Pelo Twitter, Netanyahu ressaltou que cobraria “um preço muito alto” do Hamas, fazendo uma referência aos foguetes lançados pelo grupo nesta semana em Tel Aviv após forças israelenses derrubarem um prédio residencial de 13 andares em Gaza.
Segundo o Ministério da Saúde da Palestina, o número de mortes causadas pelos ataques israelenses passa dos 100 e cerca de 530 pessoas ficaram feridas. Entre as vítimas, estão 18 crianças e oito mulheres.
IDF/ Flickr
De acordo com o jornal Times of Israel, Gaza foi atingida com pelo menos 150 ataques aéreos nas últimas horas
“Eu disse que cobraríamos um preço muito alto do Hamas. Estamos fazendo e continuaremos a fazê-lo com grande intensidade. A última palavra não foi dita e esta operação continuará pelo tempo que for necessário”, afirmou o premiê.
Netanyahu afirmou ainda que o governo israelense deu “100% de apoio” às forças de segurança, incluindo a polícia que fica na fronteira. “Demos 100% por certo de apoio à polícia para restaurar a lei e a ordem nas cidades de Israel, não vamos tolerar a anarquia”, declarou na postagem.
A região de Jerusalém Oriental vem sendo palco de uma repressão de forças de Israel contra os palestinos há alguns dias. No começo da semana, a polícia lançou balas de borracha e granadas de choque contra a mesquita de Al-Aqsa.
Ainda nesta quinta, o ministro da Defesa, Benny Gantz, aprovou a convocação de nove mil soldados reservistas “à luz dos combates em curso com grupos terroristas na Faixa de Gaza”, segundo informação de seu gabinete. As tropas devem vir de unidades de combate e centros de comando para servir no Comando Sul, Comando Central e Comando Norte das Forças Armadas.
Israel ataca aldeia palestina
Nesta tarde, pelo menos outros 11 palestinos foram mortos e cerca de 50 ficaram feridos durante um bombardeio de Israel contra a aldeia Um el-Nasser, perto de Sheikh Zayed, no norte da Faixa de Gaza.
De acordo com a imprensa local, entre os mortos há crianças e uma mulher grávida. Todos os corpos foram recuperados. As autoridades de saúde do Hamas ainda não confirmaram os dados.
Além disso, o Exército de Israel informou que três foguetes foram lançados do sul do Líbano em direção ao Mar Mediterrâneo na costa da Galileia. No entanto, as sirenes de alarme não soaram.
Pressão internacional para cessar fogo
Governos e órgãos internacionais pressionam Israel para cessar os ataques aéreos contra Gaza e para o restabelecimento da paz.
Segundo o Kremlin, o presidente russo, Vladimir Putin, e o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, fizeram um apelo durante uma videochamada nesta quinta pelo fim dos combates entre Israel e palestinos.
Uma delegação egípcia também está em Tel Aviv para conversas com autoridades israelenses como parte dos esforços para negociar um cessar-fogo na escalada da violência contra Gaza.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas deve se reunir novamente, em caráter de urgência, após uma solicitação dos governos da China, Tunísia e Noruega, para debater a situação.
(*) Com Ansa.