Com mobilizações gerais há mais de duas semanas no Equador, o presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), Leônidas Iza, em conjunto com outras lideranças equatorianas, pediu nesta quarta-feira (29/06) a retomada dos diálogos com o governo de Guillermo Lasso.
Iza convidou o presidente a concluir o diálogo, que estava planejado para a última terça-feira (28/06), uma vez que “não foram encontradas soluções” para as dez demandas levantadas pelas lideranças indígenas e que deram início às greves no Equador.
A conversa foi interrompida por parte do governo na noite da última terça-feira, após morte de um militar durante os protestos, que, por sua vez, tem como objetivo pressionar a gestão Lasso em diversas áreas, como mais orçamento para saúde e educação e criação de políticas públicas para combater a violência.
Enquanto isso, o líder indígena alertou que “teme por sua vida e de várias lideranças, já que receberam múltiplas ameaças de morte”, pedindo para que organizações de direitos humanos estejam atentas aos protestos.
“Tenho medo do atentado contra minha vida. A vida de muitos líderes está realmente em jogo aqui. Tenho recebido tantas ameaças e não me parece justo que se pretenda dobrar um direito, uma mobilização que nunca foi por vandalismo, mas por respostas que permitam avançar”, afirmou Iza.
Apesar do pedido de diálogo pela Conaie, o governo Lasso tem ignorado o nome de Virgilio Saquicela, presidente da Assembleia Nacional do Equador, como mediador do diálogo com as lideranças.
Twitter/Conaie
Marcha tem como objetivo pressionar Lasso e protestar por direitos como mais orçamento para saúde e educação e criação de políticas públicas
Segundo o vice-ministro do Governo equatoriano, Homero Castanier, Saquicela “tem posição tendenciosa”.
“Ontem ele mostrou que votou a favor da destituição do presidente da República [Lasso], assim chamou para mediar um processo de diálogo com a Conaie quando esta já tinha sua posição”.
Pedido de Impeachment
O Congresso do Equador rejeitou na madrugada desta quarta-feira (29/06) o pedido de impeachment contra Lasso.
Para Lasso ser afastado, entre 137 votos, a moção precisaria ter 92 favoráveis. No entanto, obteve apenas 80 e não conseguiu aprovar o impeachment, que tinha como base o artigo 130 da Constituição equatoriana (casos de grave crise política interna).
O texto, que obteve ainda 48 votos contrários e nove abstenções, estava ligado ao partido de oposição, Unes – do ex-presidente Rafael Correa. Os debates sobre o impeachment duraram 18 horas em duas sessões.
Por meio das redes sociais, Lasso comemorou que seu governo “conseguiu defender com sucesso a democracia e agora é hora de recuperar a paz”.
Defendimos la democracia y ahora debemos recuperar la paz. Pese a los intentos golpistas, hoy prevaleció la institucionalidad del país. Queda en evidencia quiénes trabajan para las mafias políticas. Mientras tanto, nosotros seguimos trabajando por el Ecuador.
— Guillermo Lasso (@LassoGuillermo) June 29, 2022
(*) Com Ansa e Telesur