O presidente Jair Bolsonaro discursou nesta terça-feira (20/09) na 77ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos, defendendo pautas conservadoras e com temas que são frequentemente usados em sua campanha eleitoral.
Por tradição desde 1955, o Brasil é o primeiro país a discursar na sessão. Antes do mandatário brasileiro, somente o secretário-geral da entidade, Antonio Guterres, e o presidente da assembleia, Csaba Korosi, discursaram.
Na fala do presidente, houve espaço para a pauta de costumes, aposta de Bolsonaro para mobilizar o eleitorado de extrema direita. Ele voltou a defender a “família tradicional” e a “concepção desde o início” da vida, em uma manifestação contra o aborto, durante seu discurso na ONU
“Outros valores fundamentais para a sociedade brasileira, com reflexo na pauta dos direitos humanos, são a defesa da família, do direito à vida desde a concepção, à legítima defesa, e o repúdio à ideologia de gênero”, defendeu.
Em desvantagem na corrida eleitoral de 2022, o mandatário adotou um tom menos agressivo que nos anos anteriores, mas aproveitou o palco das Nações Unidas para defender seu governo.
O presidente ainda mencionou as manifestações do último dia 7 de setembro, quando parte de seus apoiadores defendeu pautas antidemocráticas, como o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e intervenção militar. Para ele, a mobilização “foi a maior demonstração cívica da história” do Brasil.
“Milhões de brasileiros foram às ruas, convocados pelo seu presidente, trajando as cores da nossa bandeira. Foi a maior demonstração cívica da história do nosso país, um povo que acredita em Deus, Pátria, família e liberdade”, disse o mandatário, citando seu lema de campanha.
Alan Santos/PR
Por tradição desde 1955, o Brasil é o primeiro país a discursar na sessão da Assembleia Geral da ONU
Durante o pronunciamento de 20 minutos, Bolsonaro falou sobre redução do preço dos combustíveis, desemprego, inflação, auxílio emergencial e combate à pandemia da covid-19. No entanto, Bolsonaro fez campanha aberta contra a vacinação durante a crise sanitária e chegou a afirmar que o Brasil não poderia ser um “país de maricas”.
“Quando o Brasil se manifesta sobre a agenda da saúde pública, fazemos isso com a autoridade de um governo que, durante a pandemia da covid-19, não poupou esforços para salvar vidas e preservar empregos”, disse o presidente contradizendo outras manifestações que realizou sobre a pandemia.
Guerra na Ucrânia
Ao falar sobre a guerra na Ucrânia, Bolsonaro repetiu o pleito histórico do Brasil de “reformar” a ONU e pediu “soluções inovadoras para o Conselho de Segurança”.
O conflito entre a Rússia e a Ucrânia iniciou em fevereiro de 2022, após o governo russo reconhecer a independência das regiões de Donetsk e Lugansk.
Bolsonaro defendeu que tenha uma “cessar-fogo imediato” do conflito, apontando que o Brasil tem “se pautado pelos princípios do direito internacional e da Carta da ONU’. “Defendemos um cessar-fogo imediato, a proteção de civis e não-combatentes, a preservação da infraestrutura crítica para assistência à população e a manutenção de todos os canais de diálogo entre as partes em conflito”, afirmou.
Corrida eleitoral
Atrás de Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro ainda afirmou durante o discurso ter “extirpado” a “corrupção sistêmica” que, segundo ele, havia no país.
“Somente entre o período de 2003 e 2015, onde a esquerda presidiu o Brasil, o endividamento da Petrobras por má gestão, loteamento político e desvios, chegou à casa dos US$ 170 bilhões. O responsável por isso foi condenado em três instâncias por unanimidade”, afirmou.
De acordo com a última pesquisa Ipec, Lula tem 47% das intenções de voto para presidente, contra 31% de Bolsonaro. Em termos de votos válidos, o petista chegaria a 52%, resultado que lhe daria vitória no primeiro turno.
(*) Com Ansa.