Johan Julius Christian Sibelius, compositor finlandês, morre em 20 de setembro de 1957 devido a uma hemorragia cerebral. Considerado excepcional artista na Finlândia, desempenhou papel determinante entre finais do século XIX e princípios do século XX na criação de um estilo musical próprio. Sobre o valor de sua obra, há posições controversas: enquanto o crítico e filósofo alemão Theodor Adorno o considera amador e antiquado, o compositor húngaro Bela Bartok o situa entre os grandes de seu tempo.
Sibelius nasceu em 8 de dezembro de 1865 em Hämeenlinna. Órfão de pai aos três anos, pertencia a uma família sueca. Mais tarde aprendeu finlandês e se interessou pela cultura de seu país, que até 1917 pertencia à Rússia.
Recebeu as primeiras noções de piano de sua tia Julia. Mais tarde, estudou composição com Wegelius e violino com Csillag em Helsinque até 1889. Wegelius descobriu de pronto o talento para a música do jovem Sibelius, que já tinha composto obras como um Trio para Piano em dó maior e uma Sonata para violino em fá maior. Durante sua época como estudante no Conservatório de Helsinque, Sibelius entrou em contato com artistas que influenciaram sua obra e vida: o pianista e compositor Ferruccio Busoni e o compositor Armas Järnefelt, com cuja irmã se casaria anos depois.
Wegelius o animou a pedir uma bolsa de estudos em Berlim. Mudou-se para a capital alemã em setembro de 1889. Estudou composição com Albert Becker e desfrutou intensamente da vida cultural berlinense. No verão do ano seguinte retornou à Finlândia onde escreveu o Quarteto de Cordas em si bemol maior. Volta a receber ajuda do governo e desta vez elegeu Viena. Foi na capital austríaca que começou a centrar-se na composição orquestral graças à influência das obras de Bruckner e Wagner.
Seu primeiro projeto de ressonância nacionalista foi Kullervo, uma composição de ideias melódicas finlandesas e de tom escuro e grave. Nessa época, Sibelius se juntou ao movimento carelianista, um grupo de artistas interessados em se aprofundar nas raízes locais em especial a epopeia nacional, o Kalevala.
O forte sabor modal de suas melodias se deve por um lado ao desejo de se reportar na abertura de suas sinfonias ao estilo folclórico, assim como a um certo neoclassicismo que tem como referência a polifonia do Renascimento. No desenvolvimento dessas obras adota uma cor orquestral mais austera e detalhista, favorecendo uma relação extramusical com a poesia e a natureza do país mediante um gestual mais discreto, um peculiar uso dos instrumentos vento-madeira, assim como de pedais harmônicos.
Em 1892, premido por dificuldades financeiras, começa a dar aulas no Instituto Musical de Helsinque. Afortunadamente, o governo resolve conceder-lhe em 1897 uma pensão vitalícia, o que lhe proporcionou certa folga econômica.
Colagem por Paola Orlovas/Opera Mundi
Forte sabor modal de suas melodias se deve por um lado ao desejo de se reportar na abertura de suas sinfonias ao estilo folclórico
Após a estreia em 1898 da obra teatral Kung Kristian II de Adolf Paul, com música incidental de Sibelius, surgiram ofertas para publicar sua obra tanto em seu país como na Alemanha. Em julho de 1900, realiza uma exitosa turnê pela Europa, onde conquista fama e prestígio.
Apesar das conquistas musicais, Sibelius continuava bebendo a extremos preocupantes. Em 1904, sua esposa adquire uma casa de campo a fim de afastá-lo da vida urbana, onde foi morar com a família pelo resto da vida.
No ano seguinte publica sua obra na editora Schlesinger de Berlim, firmando um contrato em que se comprometia com vários trabalhos por ano. O primeiro foi Pelleas e Melissande, música incidental. Em 1905 faz sua primeira viagem à Inglaterra onde rege diversas obras suas, adquirindo grande popularidade. Em 1907 terminou sua Terceira Sinfonia em dó maior.
Após o nascimento de suas duas últimas filhas em 1908 e 1911, Sibelius mergulha numa crise pessoal e econômica em que o álcool se converteu em companheiro inseparável. Acerca-se da música de câmara, refletida em seu Quarteto em Ré menor de 1909 e em obras vocais.
Em 1912 retorna à Inglaterra, onde seguia sendo um compositor admirado, enquanto na Europa Central começavam a surgir opiniões que o relegavam a um segundo plano, já que haviam surgido grandes figuras da música como Debussy, Ravel ou Schöenberg que apresentavam propostas estilísticas mais modernas. Sua Quarta Sinfonia foi fracasso de público na Alemanha e França, não obstante continuou explorando a linguagem que vinha empregando, resistindo adotar as tendências musicais do resto da Europa.
Em 1914 leva a cabo uma viagem aos Estados Unidos, convidado pelo compositor Horatio Parker. Ali estreou seu poema sinfônico As Oceânidas, composto especialmente para o Festival de Música de Norfolkk.
De volta à Finlândia, acabou de compor a Quinta Sinfonia, que revisou meticulosamente até dar-lhe por acabada em 1919. Continuou bebendo em excesso a ponto de dirigir ébrio sua Sexta Sinfonia em Gotemburgo, Suécia, na primavera de 1923. No ano seguinte concluiu sua Sétima Sinfonia, uma obra-prima do gênero, escrita em um só movimento. Em 1926, por encomenda da Sociedade Filarmônica de Nova York, terminou o poema sinfônico Tapiola, baseado no personagem mitológico finês Tapio. Sua Oitava Sinfonia nunca chegou a ver a luz.
Também nesta data:
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(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.