Aliados de Rafael Correa vencem principais disputas das eleições regionais no Equador Atual presidente, Guillermo Lasso viu seu partido sofrer derrotas importantes até mesmo em redutos dominados pela direita nos últimos anos. As eleições regionais realizadas neste domingo (05/02) no Equador tiveram um claro vencedor: o partido Revolução Cidadã (RC), liderado pelo ex-presidente Rafael Correa.
Apesar de não contar com a participação presencial do seu fundador na campanha [já que Correa se encontra em um auto exílio na Bélgica desde 2017], o RC ganhou as quatro disputas mais importantes: as duas prefeituras [Quito e Guaiaquil] e os dois governos provinciais [Pichincha e Guayas] mais populosos do país.
Ademais, três dessas vitórias tiveram o mérito de conquistar espaços que vinham sendo dominados pela direita nos últimos anos.
Pichincha e Quito
Das quatro vitórias do correísmo neste domingo, apenas a província de Pichincha [que inclui a região metropolitana de Quito] já estava nas mãos do RC, e se manteve após a reeleição da governadora Paola Pabón, que obteve 27,97%, contra 25%,55% de Guillermo Churumchubi, do Movimento Pachakutik (MP, de centro).
Esse resultado parece apertado, mas não é tão ruim se comparado com a eleição de 2019, em que Pabón venceu com 22,13% dos votos e cerca de 70 mil votos a menos que desta vez – numa disputa eleitoral que não tem segundo turno.
Além disso, o fato de o candidato de direita Eduardo del Pozo, representante do partido governista CREO [o mesmo do presidente Guillermo Lasso] ter ficado com apenas 15,79% dos votos também é bastante relevante, já que as pesquisas na última semana apontavam para um empate técnico entre ele e a governadora.
Na disputa municipal de Quito, o RC venceu outra disputa contra o Pachakutik. Pabel Muñóz obteve 25,20% dos votos, superando os 22,20% de Jorge Yunda – este último foi o vencedor da eleição de 2019, mas foi afastado da Prefeitura em 2021 devido a um caso de corrupção.
A performance do partido governista CREO na capital foi ainda pior que a da disputa provincial: sua candidata, Luz Elena Coloma, conquistou apenas 3,92% dos votos, ficando em sexto lugar.
?️#Elecciones2023 | @PaolaPabonC lidera la votación para la Prefectura de Pichincha con el 27,86%, seguida de Guillermo Churuchumbi con el 25,43% y Eduardo del Pozo con 15,84%. Esto con el 73,52% de actas escrutadas. pic.twitter.com/s07LZsEwAb
— Radio Pichincha (@radio_pichincha) February 6, 2023
Twitter / Marcela Aguiñaga
Aliados de Rafael Correa, Aquiles Álvarez e Marcela Aguiñaga venceram as eleições em Guaiaquil e em Guayas, respectivamente
Guayas e Guayaquil
As eleições mais interessantes, porém, foram as disputadas na província de Guayas e em sua capital, Guaiaquil, já que tanto Lasso quanto Correa são oriundos dessa região.
Em Guayas, a governadora Susana González, do Partido Social Cristão, teve 25,53% dos votos, sendo derrotada por Marcela Aguiñaga, do RC, que obteve 34,40%.
O resultado afeta o governo nacional, já que o PSC é um dos partidos de direita que compõem a aliança governista que sustenta o presidente Lasso.
Em Guaiaquil também houve vitória do RC, novamente impedido uma reeleição do PSC: Aquiles Álvarez reunir 39,75% dos votos, vencendo a atual prefeita e ex-candidata presidencial Cynthia Viteri, que teve 30,31%.
?️#Elecciones2023 | Con el 93,08% de actas escrutadas, @marcelaguinaga lidera la votación para la Prefectura de #Guayas con el 37,40%, seguida de @6SusanaGonzalez con el 24,26% y Andrés Guschmer con 12,22%. ⬇ pic.twitter.com/5wnBi4uKGk
— Radio Pichincha (@radio_pichincha) February 6, 2023
Referendos
Além das disputas regionais, as eleições equatorianas neste domingo incluíram oito referendos constitucionais propostos pelo governo de Lasso.
Até o momento, as apurações realizadas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do Equador ainda não entregaram um resultado definitivo sobre esses referendos, mas o sistema de “pré-apuração” teria indicado que todos eles terminaram com vitória da opção “não”, que representa o rechaço da população às propostas de Lasso.
Entre os temas levantados nos referendos estavam possíveis mudanças nas regras de designação de membros do Ministério Público e dos Conselhos de Participação Social, flexibilização das normas ambientais e de exploração de recursos hídricos, redução de vagas no Poder Legislativo e redução do número de partidos políticos, mudança nas regras de organismos de controle dos Poderes Legislativos e, finalmente, flexibilização das regras de extradição de equatorianos em solo estrangeiro.
Alguns analistas consideram que essa última medida visa facilitar a captura e extradição de Rafael Correa, para que ele enfrente processos na Justiça do Equador.
O correísmo considera que alguns desses processos configuram operações de lawfare e os comparam com os casos que sofreu o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e os que sofre atualmente a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner.