A consultora mexicana GI360 publicou nesta quarta-feira (14/06) a mais recente pesquisa sobre as eleições presidenciais na Guatemala, cujo primeiro turno acontecerá no próximo dia 25 de junho.
Segundo a medição, cujas entrevistas foram realizadas entre 9 e 12 de junho, a candidata de extrema-direita Zury Ríos Sosa, do partido Valor, aparece em primeiro lugar, com 25,5% das intenções de voto.
A liderança de Zury confirma o favoritismo dos partidos de direita na corrida presidencial do país, governado por políticos desse setor desde 2012. No entanto, nem o atual presidente, o conservador Alejandro Giammattei, nem seus dois antecessores direitistas (Otto Pérez Molina e Jimmy Morales) foram tão extremos como a líder das pesquisas, filha de um dos maiores genocidas da história do país.
O pai de Zury foi Efraín Ríos Montt, general que comandou a ditadura militar na Guatemala entre os anos de 1982 e 1983, período em que as forças policiais e militares do país promoveram o chamado “genocídio maia”, no qual morreram mais de 25 mil pessoas de povos indígenas, segundo informe da Comissão de Esclarecimento Histórico, a comissão da verdade que o governo guatemalteco realizou nos Anos 90, para apurar os acontecimentos daquele período.
Os crimes contra a humanidade cometidos durante o seu governo levaram o ex-ditador Ríos Montt a ser condenado em 2013 por crimes de lesa humanidade, recebendo uma sentença de 80 anos de prisão. Porém, sua defesa conseguiu anular a decisão através de uma liminar, que poderia ter sido derrubada, mas o caso acabou arquivado em 2018, com a morte do ex-militar.
Progressista em segundo lugar
Em segundo lugar na pesquisa aparece outra mulher: a empresária Sandra Torres, do partido de centro-esquerda Unidade Nacional da Esperança (UNE), com 21,5%.
Torres é ex-primeira-dama da Guatemala: foi casada com Álvaro Colom, último presidente do país que não era de direita e que governou entre 2008 e 2012.
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Zury Ríos Sosa, filha do genocida Efraín Ríos Montt, lidera pesquisa mais recente sobre disputa presidencial na Guatemala
Esta é a terceira vez que a empresária tenta chegar à presidência da Guatemala. Nas duas disputas anteriores, ela chegou no segundo turno: em 2015, perdeu para Jimmy Morales (65,4% contra 34,6%), e em 2019 ela venceu o primeiro turno, com 25,5%, mas foi derrotada por Giammattei no segundo (57,9% contra 42,1%).
Fator Pineda
A pesquisa da GI360 também mostra que Zury teve um crescimento de 2,6% em comparação com o estudo anterior, realizado três semanas antes e no qual o candidato ultraliberal Carlos Pineda ainda estava na disputa.
Até maio, Pineda era o segundo colocado na corrida presidencial, com 20,1% das intenções de voto, segundo a consultora mexicana e boa parte dos demais institutos de pesquisas.
Porém, em 26 de maio, a Corte de Constitucionalidade da Guatemala cassou a chapa do ultraliberal, alegando irregularidades na assembleia que oficializou sua candidatura.
Nessa primeira pesquisa após a cassação, se esperava o efeito do chamado “fator Pineda”, que é como a imprensa local chamou a migração de votos do ex-candidato para outros presidenciáveis.
Nesse sentido, a progressista Sandra Torres se mostrou ligeiramente beneficiada, já que sua candidatura foi a que teve maior crescimento, com 3,6% a mais que os 17,9% que ela obteve em maio – também foi a única que registrou alça acima da margem de erro, de 3%.
Ainda assim, foram maiores as mudanças no percentual de votos brancos e nulos, que passou de 6,4% para 9,6%, e principalmente no número de indecisos, que foi de 4,9% para 9,3%.
Vale lembrar que a candidatura de Pineda não foi a primeira a ser cassada pela Justiça guatemalteca. Em janeiro, a Corte de Constitucionalidade barrou a inscrição do partido de esquerda Movimento pela Liberação dos Povos, que havia lançado a campanha da líder indígena Thelma Cabrera.