O presidente da China, Xi Jinping, anunciou nesta quarta-feira (13/09) em Pequim, durante uma reunião com o líder venezuelano Nicolás Maduro, o fortalecimento das relações com a Venezuela. O país latino-americano passa a ser considerado pelo governo chinês no mesmo patamar que a Rússia ou o Paquistão.
“Estou muito feliz de anunciar, ao seu lado, a elevação das relações entre China e Venezuela a um nível de associação estratégica para qualquer situação”, afirmou Xi, segundo imagens exibidas pela televisão estatal. Esta é a maior escala das relações diplomáticas chinesas e apenas alguns países (Paquistão, Rússia, Belarus) recebem esse tipo de tratamento.
Pequim mantém relações próximas com o governo Maduro, isolado internacionalmente, e é um dos principais credores da Venezuela, cujo PIB registrou queda de 80% em uma década em consequência da crise econômica.
A China, “apoiará, como sempre, com firmeza, os esforços da Venezuela para salvaguardar a soberania nacional, a dignidade nacional e a estabilidade social, e apoiará firmemente a causa justa da Venezuela de se opor à interferência estrangeira”, afirmou Xi a Maduro.
O presidente venezuelano busca apoio para a adesão de seu país ao BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul), o grupo de economias emergentes que organizou sua reunião de cúpula mais recente em agosto em Johanesburgo, onde anunciou uma ampliação com seis novos países (Arábia Saudita, Argentina, Emirados Árabes Unidos, Egito, Irã e Etiópia). “Poderíamos catalogar o grupo do BRICS ampliado como o grande motor para a aceleração do processo de nascimento de um mundo novo, de um mundo de cooperação, onde o Sul Global terá a voz primordial”, declarou Maduro em uma entrevista à agência estatal chinesa Xinhua publicada no sábado (09/09).
Twitter/Carola Chávez
Visita é uma reafirmação da "amizade" estabelecida no período do falecido ex-presidente Hugo Chávez (1999-2013)
China emprestou quase de US$ 50 bilhões à Venezuela
Maduro foi recebido com sua delegação no Palácio do Povo, o grande edifício onde as autoridades estrangeiras são recebidas perto da Praça da Paz Celestial. O chefe de Estado venezuelano chegou a Pequim na terça-feira, depois de passar por Xangai e por outras cidades chinesas. A viagem começou na sexta-feira (08/09) da semana passada em Shenzhen e terminará na quinta-feira (14/09).
A visita é uma reafirmação da “amizade” estabelecida no período do falecido ex-presidente Hugo Chávez (1999-2013), que encontrou na China um de seus principais aliados, ao lado da Rússia, Turquia e Irã. Maduro havia visitado Pequim pela última vez em 2018 – sua 10ª viagem à China –, quando elogiou a visão de Xi de um “destino comum para a humanidade”. Xi Jinping visitou a Venezuela em 2014.
A China emprestou quase de US$ 50 bilhões à Venezuela, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), na década de 2010. Caracas paga a dívida com envios de petróleo. Em 2018, ano em que Maduro venceu eleições que não foram reconhecidas por grande parte da comunidade internacional por supostas irregularidades, a dívida superava US$ 20 bilhões.
Em 2019, Washington e parte da comunidade internacional reconheceram Juan Guaidó, líder da oposição que se autoproclamou presidente interino. O presidente dos Estados Unidos na época, Donald Trump, impôs sanções a Caracas. O atual governo democrata de Joe Biden, que sucedeu a Trump, afirma que não reconhece Maduro como presidente e mantém a maioria das sanções.