No clima de “esquenta para eleição”, o governo dos Estados Unidos anunciou novas medidas em favor do direito ao aborto, aproveitando esta segunda-feira (22/01), data que marca o 51º aniversário da agora anulada decisão Roe versus Wade.
Enquanto o presidente Joe Biden pretende mobilizar uma força-tarefa com o objetivo de abordar os cuidados da saúde reprodutiva, em Washington, a vice-presidente Kamala Harris inicia uma turnê nacional, por Wisconsin, sobre o direito ao aborto e a preservação do acesso aos cuidados da mulher.
Com o objetivo de destacar o aniversário de Roe versus Wade, uma decisão histórica da Suprema Corte que estabeleceu o direito constitucional ao aborto, ambas as agendas anunciam novas medidas de facilitação à acessibilidade de contraceptivos e abortos sob a lei de atendimento de emergência.
“Neste e em todos os dias, o vice-presidente Harris e eu lutamos para proteger a liberdade reprodutiva das mulheres”, declarou o presidente norte-americano, nesta segunda-feira.
Diante de uma crescente ameaça eleitoral nas primárias, na qual seu principal oponente das últimas eleições presidenciais, Donald Trump, conseguiu vitórias significativas, o atual mandatário lançou críticas aos republicanos por apoiarem “restrições devastadores em todo o país”:
“Mesmo que os americanos – de Ohio ao Kentucky, ao Michigan, ao Kansas e à Califórnia – tenham rejeitado as tentativas de limitar a liberdade reprodutiva, as autoridades eleitas republicanas continuam pressionando por uma proibição nacional e por novas restrições devastadoras em todo o país”, disse.
Twitter/The White House
Governo Biden defende direito ao aborto como prioridade em campanha eleitoral
Medidas que contrastam com valores republicanos
Em Washington, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos emitirá orientações para reforçar os direitos da Lei do Trabalho e Tratamento Médico de Emergência (Emtala), com foco em pacientes que enfrentem problemas relacionados à gravidez.
Além disso, o órgão também fornecerá “materiais de formação para prestadores de cuidados de saúde e estabelecerá uma equipe dedicada de especialistas” para apoiar hospitais em todo o país.
De acordo com o jornal norte-americano The New York Times, Kirsten Allen, secretária de imprensa de Harris, afirmou que a turnê nacional da vice-presidente durará de dois a três meses em “estados com acesso restrito e que continuam ameaçando o direito ao aborto, causando caos e confusão.”
Vale lembrar que Wisconsin, a primeira parada de Harris, é um estado-chave para as perspectivas de reeleição de Biden, uma vez que, em 2020, o democrata conquistou cerca de 20.600 votos e se saiu vitorioso.
Com o início do processo eleitoral nos Estados Unidos, a estratégia arquitetada pelo governo no poder consiste em contrastar as pautas e os valores defendidos pelos republicanos.
Nesse sentido, a expectativa é de que, na terça-feira (23/01), dia das primárias de New Hampshire, Harris se reúna com Biden em um comício pelo direito ao aborto na Virgínia, onde recentemente os democratas assumiram o controle da legislatura e propuseram contemplar a proteção ao aborto na constituição estadual.
Jill Biden, a primeira-dama, e Doug Emhoff, marido de Harris, também comparecerão ao evento.