As primárias de New Hampshire, que acontecem na próxima terça (23/01), sofreram uma reviravolta neste domingo (21/01) com o anúncio da saída de Ron DeSantis da corrida pela presidência dos EUA. A votação, a primeira aberta para não filiados aos partidos Republicano e Democrata, é a última chance para evitar um novo duelo entre Donald Trump e o presidente Joe Biden.
O governador da Flórida surpreendeu ao suspender sua campanha e declarar apoio ao ex-presidente Donald Trump. Pouco otimista sobre uma possível recuperação em New Hampshire, ele fez um anúncio em um vídeo publicado na rede social X. DeSantis disse que não podia continuar “pedindo tempo e recursos de seus apoiadores sem uma decisão clara de caminho à vitória”.
“Para mim está claro que a maioria dos eleitores das primárias republicanas querem dar outra oportunidade a Donald Trump“, disse DeSantis, indicando que tem divergências com o ex-presidente, especialmente sobre a gestão da pandemia de coronavírus.
“Ele tem meu apoio porque não podemos voltar à velha guarda republicana do passado ou a uma forma reformulada de corporativismo requentado que Nikki Haley representa”, explicou. Resta saber agora quem conseguirá conquistar esses votos e se eles serão suficientes para que o nome do candidato republicano à presidência seja decidido antecipadamente.
Maior ameaça a Trump
DeSantis entrou na corrida para ser o candidato republicano à presidência, como a maior ameaça a Donald Trump. Mas seu potencial favoritismo passou a ser questionado desde que ele obteve o segundo lugar no caucus de Iowa, com 23,4% dos votos.
O anúncio oficial do candidato republicano acontece em julho durante a convenção do partido, porém o resultado de Trump em Iowa colocou em dúvida a força das campanhas de seus oponentes.
Nikki Haley cresceu na preferência do eleitor de New Hampshire, considerado menos conservador que o de Iowa. Mas, apesar dela ter recebido o apoio do governador do estado, Chris Sununu, que aparece em praticamente todos os seus comerciais veiculados na televisão local, esse aumento de sua popularidade não parece ter influenciando os eleitores.
Gage Skidmore/Flickr
Governador da Flórida surpreendeu ao suspender sua campanha e declarar apoio ao ex-presidente Donald Trump
Os números da última pesquisa da CNN, feita em parceria com a Universidade de New Hampshire, mostram que Trump tem 50% da preferência dos eleitores republicanos. Nikki Haley aparece com 39% e Ron DeSantis com apenas 6%. DeSantis não investiu em propaganda em New Hampshire e apostou no eleitorado da Carolina do Sul.
Tanto Nikki Haley quanto Ron DeSantis apostaram no corpo a corpo com eleitores em lugares mais reservados, como restaurantes, lojas e padarias. Já Donald Trump lotou um estádio em um comício realizado no último sábado em Manchester, onde as temperaturas chegaram a 11° C negativos.
Vantagem garante candidatura de Trump
Após New Hampshire, o mapa eleitoral fica ainda mais conservador e a próxima parada é a Carolina do Sul, reduto de Nikki Haley. Mas existe uma grande possibilidade de que os eleitores evangélicos da Carolina do Sul ajudem Donald Trump a vencer, como aconteceu em Iowa.
Nas prévias de 2016, uma pesquisa feita pela Pew Research concluiu que Trump foi o candidato preferido dos evangélicos.
Os resultados apontados pelas pesquisas de boca de urna indicam que o cenário mais provável é o de uma nova vitória de Trump em New Hampshire. Caso sua vantagem de votos sobre Nikki Haley não seja tão grande quanto foi em Iowa, o resultado daria certo fôlego à candidata.
Tudo muda, porém, se a porcentagem de votos de Trump for equivalente à de Iowa. Nesse caso, ele se tornaria praticamente imbatível e seria ainda mais complicado para a ex-governadora da Carolina do Sul reverter isso no próximo dia 3 de fevereiro.
Uso do “voto estratégico”
Como os eleitores não filiados podem votar em qualquer uma das primárias, poderia haver um esforço organizado para convencer os democratas e os independentes a ajudar a derrotar Trump.
Alguns eleitores poderiam usar o chamado “voto estratégico”, ou seja, democratas por convicção, alterando seu registro para poder votar contra Trump nas prévias.