O último dia da jornada de negociações sobre o programa nuclear iraniano começou nesta segunda-feira (24/11) em Viena com um encontro pessoal entre os representantes de Estados Unidos e Irã.
A apenas algumas horas do fim do prazo estabelecido, que vence à meia-noite local (21h, em Brasília), o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, conversa com o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, para tentar destravar o impasse nas negociações, buscando algum ponto em comum. Em Viena, onde a última reunião está sendo realizada, corre a informação de que as partes poderão prolongar mais uma vez o fim das conversas — diante do histórico das relações diplomáticas entre Teerã e Washington, a assinatura de um acordo, ainda que pouco objetivo e de longo prazo, seria vista como histórica.
Reprodução/Twitter/Departamento de Estado dos EUA
Secretário de Estado norte-americano, John Kerry, aperta mão de chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, em Viena
O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, que se reuniu hoje aos chanceleres dos Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha, afirmou que a jornada de hoje será “crucial” e ressaltou que, com a vontade política necessária, ainda é possível chegar a um acordo.
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Iniciado em Viena há um ano e liderado por Catherine Ashton, ex-representante da União Europeia para assuntos exteriores, o processo multilateral coloca o Irã em negociação com EUA, Rússia, França, Reino Unido, China e Alemanha. O objetivo é obter um consenso assegurando que o programa nuclear desenvolvido por Teerã seja exclusivamente para fins pacíficos, sem possibilidades de desenvolver armas atômicas. Com isso, as sanções econômicas impostas pelas potências ocidentaiss contra o Irã seriam suspensas.
Ambos, Kerry e Zarif, os principais negociadores do processo, enfrentam pressões internas para que cheguem a um acordo possível e que seja bem recebido no cenário político de seus próprios países.
Nos EUA, um pacto seria visto como uma significativa melhora nas relações norte-americanas com o país persa, abaladas desde 1979, com a crise dos reféns em Teerã. No lado iraniano, pôr fim às sanções econômicas serviria para fortalecer a corrente política do atual presidente, Hassan Rouhani, cujo pragmatismo procura reatar laços com o Ocidente.
Domingo
Embora alguns diplomatas tenham dito que somente os encontros de segunda-feira poderiam acrescentar algum elemento novo à mesa de negociações, o dia de domingo também foi cheio em Viena.
Agência Efe
Em Viena, Kerry senta à mesa de negociação com o chanceler chinês, Wang Yi, no âmbito das negociações sobre o programa nuclear do Irã
As seis grandes potências mundiais e o Irã estiveram trabalhando o dia todo para ter pronto algum tipo de documento, mesmo que sem muito detalhes e sujeito a mais negociações. Todos querem evitar o fracasso de uma negociação que já dura 12 meses e, apesar das diferenças latentes, criou uma possibilidade real de acordo.
“Devemos continuar com o trabalho. Estamos trabalhando ao máximo para encontrar um acordo, um que seja positivo e permita trabalhar pela paz. Mas ainda há diferenças”, declarou à imprensa Laurent Fabius, ministro das Relações Exteriores da França, ao reincorporar-se hoje às reuniões que começaram na terça-feira em Viena.
(*) Com informações da Agência Efe