O arquipélago autônomo português dos Açores elege neste domingo (14/10) um novo presidente do governo regional, depois que o governante dos últimos 16 anos, Carlos César, deu um passo atrás e decidiu não voltar a se candidatar.
Cerca de 225 mil eleitores – dos cerca de 246 mil habitantes das nove ilhas que compõem os Açores – foram convocados a escolher amanhã entre a continuidade que encarna o novo aspirante do Partido Socialista (PS), Basco Cordeiro, e a mudança que representa a social-democrata (PSD, conservador) Berta Cabral.
As enquetes apontam como favorito o sucessor do atual presidente, o novo candidato socialista Basco Cordeiro, que foi membro do Executivo durante os últimos mandatos.
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A campanha foi marcada pela forte crise que afeta todo o país e seus efeitos nos Açores, que solicitaram recentemente ajuda a Lisboa por suas dificuldades para conseguir financiamento, mesmo problema que levou Portugal a pedir no ano passado resgate à União Europeia e o Fundo Monetário Internacional.
O sociólogo e investigador do Centro de Estudos Sociais dos Açores, Álvaro Borralho, explicou hoje (13/10) à Agência Efe que a forte recessão que Portugal vive se refletiu em uma redução do fluxo de turistas nacionais à região, uma das principais fontes de renda locais.
Entre as peculiaridades eleitorais das Açores, destaca-se o fato de que em oito das nove eleições legislativas realizadas desde a volta da democracia (1974) o vencedor ganhou com maioria absoluta, devido em parte ao sistema eleitoral que rege no arquipélago, segundo apontou Borralho. Nas cinco primeiras eleições regionais os social-democratas venceram, mas desde 1996, as vitórias são do PS.
“Não prevejo mudanças substanciais em relação à política de Carlos César se Basco Cordeiro ganhar”, disse o sociólogo.
Outra característica que define o comportamento eleitoral dos habitantes dos Açores é seu elevado índice de abstenção, que apenas cresceu desde a década de 1980 e que nas eleições legislativas de 2008 passou de 52%.
“Os Açores são a região com menor escolaridade do país, e quanto mais elevado é o nível de estudo, mais participação política há. No arquipélago ainda persistem algumas regiões com pessoas desfavorecidas, que vivem na pobreza, e para elas eleições não interessam tanto”, explicou Borralho.
Nos últimos dias de campanha, o socialista Basco Cordeiro repetiu insistentemente que é preciso “ir votar”, temeroso de que seus eleitores não vão às urnas por excesso de confiança.
A social-democrata Berta Cabral, por sua vez, procurou se distanciar de seu partido em nível nacional, que governa há um ano e quatro meses em Portugal e aplicou com todo rigor um draconiano programa de ajustes e reformas estipulado com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional em troca de seu resgate.
De fato, no fim desta semana o Executivo de Lisboa divulgou sua proposta de Orçamento Geral para 2013, expondo um aumento significativo de impostos muito contestado pela oposição e pelos sindicatos.
“Quero deixar claro que não concordo com esses orçamentos preliminares, que tomo distância e que acho que não devem ser aprovados”, disse ontem Berta em um de seus últimos comícios, do qual não participou o primeiro-ministro lusitano e por sua vez líder do PSD, Pedro Passos Coelho. Os cidadãos das ilhas de São Miguel, Santa Maria, Terceira, Graciosa, São Jorge, Faial, Pico, Flores e Corvo elegerão amanhã um total de 57 deputados.