A Aeronáutica informou hoje (6) que
resgatou os possíveis primeiros corpos de vítimas do acidente ocorrido com o
avião da Air France, que desaparecido no Oceano Atlântico. O coronel Jorge
Amaral disse que, “durante a manhã de hoje, às 8h14, houve confirmação do
resgate no mar de algumas peças e corpos que pertenciam ao Airbus”.
O porta-voz militar disse que são dois corpos do sexo masculino, não
identificados, e de objetos que poderiam pertencer ao avião, como uma poltrona
da mesma cor azul utilizada pela empresa francesa, com o número de série
237011038331-0. Segundo Amaral, esse número foi transmitido à Air France a fim
de confirmar se pertence ao voo desaparecido.
A busca se concentra em torno de um raio de 220 quilômetros traçado de um ponto
onde o avião pode ter caído. O local do impacto é calculado em uma posição
próxima às ilhas de São Pedro e São Paulo, regiões desabitadas situadas a cerca
de 704 quilômetros de Fernando de Noronha e a 1.296 quilômetros de Recife.
Trabalhos
de identificação
Em torno desse ponto, foi traçado um raio
220 quilômetros, uma área na qual hoje estão trabalhando nove aviões, além de
um Falcon 50 e um Atlantic Rescue D franceses, e um avião de patrulha marítima
P-3C Orion
dos Estados Unidos.
Amaral detalhou que os corpos foram encontrados nos limites da zona onde se
concentraram as buscas. Também há informações de que “estão sendo
recolhidas máscaras de passageiros e outros materiais”, segundo o coronel.
Os dois corpos e os objetos foram resgatados pela tripulação da corveta
brasileira Caboclo e serão transferidos depois à fragata Constituição, que se
deslocará a um ponto a cerca de 600 quilômetros de Fernando de Noronha, onde
serão recolhidos por um helicóptero. “A previsão é que esses corpos cheguem a
Fernando de Noronha durante a manhã deste domingo”, disse o almirante Edison
Lawrence, coordenador do 3º Distrito Naval. Os trabalhos de identificação dos
corpos serão realizados depois em Recife, onde o Ministério da Defesa instalou
sua principal base de operações.
Durante os últimos dois dias, médicos das Forças Armadas recolheram amostras de
DNA dos familiares das vítimas que se encontram no Rio de Janeiro, a fim de
acelerar a identificação dos corpos que forem recuperados. Os parentes dos
passageiros do avião foram informados antes de a notícia ser comunicada à
imprensa.
Aeronave emitiu 24 sinais antes de desaparecer
O Airbus A330-200 que desapareceu na
madrugada de segunda-feira emitiu 24 sinais de anomalias em seus sistemas
durante quatro minutos antes de sair da zona de monitoramento do radar do Rio
de Janeiro, informaram hoje os investigadores franceses. Embora ainda não seja
possível estabelecer a causa destes problemas, os investigadores declaram que,
no dia do ocorrido, as condições meteorológicas não eram “particularmente
excepcionais”.
O diretor do Escritório de Investigações e Análises (BEA, em francês),
Paul-Louis Arslanian, disse que “é muito cedo para saber as causas do
acidente”, mas explicou que as informações reunidas já estão sendo
investigadas. Entre elas, Arslanian destacou as “incoerências” de
velocidade registradas pelos três sensores da aeronave. Diferentes medições
provocam a interrupção de certos sistemas automáticos do avião, entre eles, o
piloto automático.
“Não sabemos se os sistemas se avariaram ou se os pilotos os desligaram de
forma voluntária. A única certeza é de que deixaram de funcionar”,
afirmou. Para o diretor do BEA, é prematuro dizer se esse dano nos sistemas –
que já tinha sido detectado anteriormente em outros aviões Airbus A330 – causou
o acidente do voo entre Rio de Janeiro e Paris. Também não é possível saber se
os sistemas automáticos voltaram a funcionar depois dos sinais de avarias.
O BEA (Oficina de Investigação e Análise) informou que as investigações determinaram “a presença de células
convectivas, típicas de regiões tropicais, próximo à rota prevista do avião,
sobre o Atlântico”, o que sugere que quando o acidente aconteceu o tempo era
tempestuoso.
Ontem, a Força Aérea Brasileira (FAB) admitiu ter perdido o rastro da provável
localização dos destroços do Airbus. O brigadeiro Ramon Borges Cardoso, diretor
do Departamento de Controle do Espaço Aéreo da FAB, assinalou que as correntes
marítimas fizeram com que o material avistado por algumas aeronaves na segunda
feira passada desaparecesse antes de ser recuperado pelos navios que acompanham
as buscas.
Fortes
chuvas
As primeiras informações tinham indicado a possível existência de cabos, partes
do interior do avião e uma poltrona que desapareceram. Agora, a FAB está iniciando buscas em pontos
ondeos materiais poderiam estar, levando em conta as correntes marítimas.
Cardoso acrescentou que “a dificuldade, além de os pedaços serem pequenos e a
área de busca grande, é que alguns pedaços podem ter afundado. Não temos
garantia de que ficarão flutuando o tempo todo”.
As buscas pelo avião foram atrapalhadas pelas fortes chuvas e correntes
marítimas no quinto dia de operações no meio do oceano Atlântico. Com isso, a
área das operações, que até ontem era de 185.349 quilômetro quadrados, deve ser
aumentada.
O diretor do BEA pediu que não haja conclusões neste ponto da investigação e
assegurou que “os melhores especialistas no assunto na França estão
mobilizados para fazer o melhor trabalho possível, em contato com outros de
fora do país”.
Críticas
A França criticou o Brasil por fazer anúncios sobre a investigação da queda que
logo foram desmentidos, como no caso dos fragmentos recolhidos pela FAB e das
manchas de óleo, que se acreditavam pertencer ao avião, mas que foram
descartadas após análise mais aprofundada.
O Secretário de Estado francês, Dominique
Bussereau, disse ao canal televisivo RTL que “há dias que o governo francês diz
que é necessário ser extremamente cuidadoso [para tratar do assunto]”.
“Nossos aviões e barcos não encontraram nada até agora, foram nossos amigos
brasileiros que nos fizeram acreditar e afirmaram ter avistado partes do
avião”.
França abre investigação sobre homicídio
O Tribunal de Paris abriu uma investigação
por homicídio involuntário em relação ao desaparecimento do avião da Air France
que fazia o trajeto Rio de Janeiro-Paris. A investigação não é contra ninguém
em particular, afirmou o tribunal em comunicado, e a juíza instrutora será
Sylvie Zimmerman.
A corte informou ainda que a Promotoria de Paris enviou uma carta a cada
família das vítimas para notificar o procedimento penal e informar sobre
associações de ajuda aos afetados.
Resumo
O avião Airbus 330-200 da Air France seguia do Rio de Janeiro para Paris e
desapareceu dos radares franceses quando sobrevoava o Oceano Atlântico. A
aeronave partiu do Rio às 19h de domingo e deveria chegar a Paris segunda feira
às 11h15 (6h15, horário de Brasília).
Controladores de voo do Aeroporto Internacional de Paris Charles De Gaulle
perderam contato com o avião por volta das 6h00 GMT (3h00, hora de Brasília),
de domingo. O avião levava 61 franceses, 58 brasileiros, 26 alemães, nove
italianos, nove chineses e seis suíços, além de passageiros de outros 27
países, segundo informou a Air France.
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