“Se me dissessem que só poderia trabalhar com um diretor pelo resto da minha vida, estou certa de que seria com ele”.
Ele é Pedro Almodóvar, o cineasta espanhol mais conhecido atualmente em todo o mundo. A declaração é da compatriota Penélope Cruz, atual vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante, por Vicky Cristina Barcelona, de Woody Allen. Ela repetiu o tom do discurso que fez quando recebeu a estatueta no mês passado, em Los Angeles, e mais uma vez fez questão de elogiar e agradecer ao seu mentor e amigo pessoal.
Depois de Volver (2006), os dois voltaram a trabalhar juntos pela quarta vez no 17º filme de Almodóvar, o mais longo e caro de sua carreira: Los Abrazos Rotos, apresentado hoje (13) a centenas de jornalistas espanhóis e estrangeiros, em Madri. A produção custou 11 milhões de euros (quase 33 milhões de reais) e a duração é de 130 minutos.
O diretor retribuiu o carinho e também elogiou a amiga e musa Penélope, além de dizer que para esse filme, cercou-se de parte de sua família artística, formada também pelos atores Blanca Portillo, Lluís Homar e José Luis Gómez, entre outros.
Ainda sem título em português, a película é um drama, uma grande história de amor que se cruza com outras pequenas histórias. Lena (Penélope Cruz) tem o sonho de ser atriz e consegue um papel de protagonista depois que conhece Mateo Blanco (Lluís Homar), um diretor de cinema que se torna seu amante e verdadeiro amor.
Mas as gravações só começam graças a Ernesto Matto (José Luis Gomez), um homem muito rico que vive com Lena há dois anos e é obcecado por ela. Por isso, decide produzir o filme para ver os trabalhos mais de perto e vigiar a mulher.
Amor à sétima arte
É no universo do cinema, e falando dele, que transcorre boa parte do filme. Por isso, Almodóvar conta que “há uma história que se sobressai às outras: é minha história de amor com o cinema, é uma declaração de amor ao cinema”.
O filme foi rodado em Madri e Lanzarote, uma das ilhas do arquipélago das Canárias, que pertence à Espanha. Segundo Almodóvar, a idéia de gravar ali surgiu quando ele esteve no local, há nove anos. O diretor tirou uma foto da paisagem e, ao revelar o negativo, descobriu que havia um casal abraçado na parte inferior da imagem.
Ficou fascinado e, desde então, tentou várias vezes introduzir esse abraço nos roteiros que escrevia, sem sucesso. Até que encontrou uma história que abrigava a cena. Era Los Abrazos Rotos. A foto original fez parte das filmagens.
Outra curiosidade foi o trabalho de Lluís Homar para interpretar um cego. Durante a entrevista coletiva, Almodóvar disse que o ator passou sete meses trabalhando no personagem e, uma vez, foi de casa ao trabalho com os olhos vendados.
Amor, traição, tragédia, culpa e a relação entre pai e filho são temas também tratados na obra, que estará à disposição do público espanhol a partir da próxima quarta-feira (18). Segundo a Focus Features, distribuidora do filme, ainda não há data para o lançamento no Brasil.
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