A organização argentina Mães da Praça de Maio voltou a realizar nesta quinta-feira (02/08), pela primeira vez após 75 semanas de quarentena por conta da pandemia da covid-19, sua tradicional marcha na Praça de Maio, no centro de Buenos Aires.
O grupo é formado por mulheres que tiveram seus filhos desaparecidos ou assassinados durante a ditadura militar do país. As mães realizam toda semana uma marcha em volta da Praça de Maio, na capital argentina.
O encontro foi interrompido pela primeira vez, após 43 anos, no dia 19 de março de 2020, quando o governo argentino decretou medidas de isolamento para conter o avanço do coronavírus no país.
“Nós, as mães, saímos das nossas cozinhas e fomos à praça, e da praça voltamos à cozinha. Hoje voltamos à praça e vamos voltar toda quinta-feira”, afirmou Hebe de Bonafini, uma das lideranças do grupo.
Embora tenham percorrido o trajeto de carro, respeitando o distanciamento e usando máscaras, as mães foram recebidas por dezenas de pessoas que gritavam: “mães da praça, o povo as abraça”.
Durante todo o período em que os encontros presenciais foram suspensos, a organização não deixou de se reunir, promovendo transmissões virtuais toda semana. “Transformamos nossas cozinhas em praças”, disse Bonafini em referência ao ambiente caseiro em que realizavam os encontros.
Reprodução/Prensa Madres
Grupo percorreu o trajeto de carro, respeitando o distanciamento e usando máscaras
Pandemia e eleições
A dirigente do grupo ainda falou sobre a pandemia e como a crise sanitária atinge o país, afirmando que “a tragédia que aconteceu foi espantosa”. Até o momento, a Argentina registrou mais de 5 milhões de casos e mais de 112 mil mortes pela covid-19.
Bonafini também comentou a situação política na Argentina e fez um chamado para que a população apoie a Frente de Todos, coalizão governista, nas eleições primárias, que acontecem no dia 12 de setembro e que definirá os candidatos que concorrerão aos cargos de deputados e senadores no pleito do dia 14 de novembro.
“Para que os mesmos não voltem, porque eles querem voltar, temos que trabalhar muito e precisamos ganhar, independentemente das diferenças que temos. Se não queremos que passem outra vez por cima de nós, que fechem hospitais e universidades, temos que trabalhar e ganhar”, disse.