O presidente e candidato a reeleição, Hugo Chávez, confirmou nesta terça-feira (11/09) a decisão do governo da Venezuela de se retirar da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), órgão pertencente à OEA (Organização dos Estados Americanos). Chávez pediu uma “comissão mais séria”, compromissada com os direitos humanos na região.
Efe (11/09/2012)
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, concede entrevista durante coletiva de imprensa em Caracas
A Venezuela anunciou que iria se retirar do CIDH em 28 de julho, em reação à sentença que condenou o país por “violar os direitos humanos” de Raúl Díaz Peña, venezuelano acusado de terrorismo por tentar detonar explosivos nas Embaixadas da Colômbia e da Espanha em 2003.
“Está comprovado que ele colocou as bombas, nós o capturamos, ele cumpriu metade da pena e se fez merecedor de um benefício processual (prisão domiciliar). Em vez de se apresentar regularmente aos tribunais, fugiu e está agora nos Estados Unidos”, lembrou Chávez.
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Desde a chegada do presidente ao poder em 1999, a CIDH multiplicou as decisões e relatórios desfavoráveis à Venezuela, em proporções amplamente superiores ao resto da América Latina. Em 2002, a CIDH reconheceu o governo de fato de Pedro Carmona, empossado depois de um golpe de estado que deixou Chávez por cerca de 48 horas fora do poder.
“Tomara nós tenhamos em algum momento uma comissão séria e que possamos lutar com outros governos pelos direitos humanos”, disse Chávez, justificando que tem bastantes argumentos para respaldar a decisão do país. A decisão foi “baseada em nossos princípios éticos e em nossa conduta moral”, completou.
As declarações foram dadas desde o Hotel Alba Caracas, em uma coletiva que reuniu mais de 40 meios de comunicação nacionais e internacionais. O candidato prometeu realizar uma entrevista coletiva por semana até as eleições, além de visitas a rincões do país e reuniões com setores da campanha como mulheres e juventude.
Debate
Dentre outros temas, principalmente eleitorais, Chávez também afirmou que não participaria de um debate com seu opositor Henrique Capriles, classificando-o como um “nada”. O opositor o desafiou para um debate na TV. “Não há debate possível com o nada”, disse. Para o presidente, Capriles precisa debater com seus apoiadores e explicar “esse ‘pacotaço neoliberal’ que preparou para a Venezuela”, completou.
Nesta terça-feira, dirigentes dos partidos Piedra, Unidade Democrática, Mãos pela Venezuela e Cambio Pana, sob o comando do ex-governador do Estado de Anzoátegui David de Lima, solicitaram ao CNE (Conselho Nacional Eleitoral) a retirada oficial da campanha por não concordarem com as diretrizes expostas em um suposto documento da campanha. Nele, a oposição prevê romper com os programas sociais e a política econômica atuais.
Chávez novamente acusou a oposição de tentar “entregar” a PDVSA (Petróleo da Venezuela) às “empresas do império”. Ele afirmou que o programa de Capriles fala em “despolitizar” a estatal e criar um órgão independente. Para Chávez, esse seria o primeiro passo para uma “abertura petroleira” e a diminuição da participação da PDVSA nos lucros da exploração do óleo cru.
“Essa seria a entrega do nosso principal recurso. Quando eu cheguei à Presidência, o preço do barril estava em US$ 7”, lembra. Hoje o preço médio do barril está em US$ 100 e a Venezuela tem feito parcerias na exploração do petróleo com países como Bielorrússia, China, Portugal e EUA.