O novo presidente do Banco Central da Argentina, Guido
Sandleris, anunciou nesta quarta (26/09) o fim da meta de inflação – estimada
em 15% para 2018 – e de emissão de moeda. O pacote argentino prevê ainda a
possibilidade de intervenção no câmbio. Sandleris chamou o conjunto de decisões
de Novo Plano Monetário.
O pacote das novas medidas foi divulgado após a concessão
do segundo empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) ampliado
em mais US$ 7,1 bilhões, totalizando US$ 57,1 bilhões.
Em entrevista coletiva no começo da noite de quarta,
Sandleris afirmou que a intervenção no câmbio só ocorrerá se a cotação do dólar
alcançar menos de 34 pesos ou mais de 44 pesos. Ele definiu esta faixa como
“zona de não intervenção cambial”. Se necessário, serão injetados pelo governo
US$ 150 milhões por dia.
O presidente do Banco Central ressaltou ainda que o esforço
do governo argentino será para zerar o déficit e reduzir a inflação.
Valores
O acordo prevê o empréstimo total de US$ 57,1 bilhões até o
fim do ano que vem. Os valores dos desembolsos vão passar de US$ 6 bilhões para
US$ 13,4 bilhões, em 2018; e de US$ 11,4 bilhões para US$ 22,8 bilhões, em
2019.
Esse é o segundo acordo fechado pela Argentina com o FMI em
três meses. Os detalhes foram negociados pela diretora-geral do FMI, Christine
Lagarde, o ministro da Economia argentino, Nicolás Dujovne, e o novo presidente
do Banco Central, Guido Sandleris. O acordo foi anunciado em Nova York, nos
Estados Unidos.
Segundo o ministro Dujovne, o valor do empréstimo é
suficiente para cobrir as obrigações do país em dois anos. O dinheiro será
desembolsado automaticamente, na medida em que o governo argentino cumprir as
metas estabelecidas, como zerar o déficit no ano que vem.
Histórico
Em junho, a Argentina recorreu ao FMI, pela primeira vez em
13 anos, sob o argumento que precisava de dinheiro para frear a disparada do
dólar. O Fundo emprestou US$ 50 bilhões. Os recursos, conforme negociação,
seriam liberados em etapas até 2022.
Em contrapartida, o governo argentino se responsabilizaria
por equilibrar suas contas e não gastar mais do que arrecada. Um mês depois, a
Argentina sofreu outra crise cambial e teve de pedir ao FMI para rever o acordo
e antecipar os desembolsos. Em troca, prometeu fazer um ajuste interno ainda
maior e zerar o déficit fiscal em 2019 – ano eleitoral.
Na terça (25/09), em meio às negociações, o então presidente do Banco Central, Luis Caputo, renunciou, após três meses no cargo. O sucessor
Sandleris assumiu a responsabilidade de anunciar os detalhes deste segundo
acordo com o FMI.
NULL
NULL