Pelo terceiro ano consecutivo, a Argentina anuncia a importação de gás natural. Em março, a companhia estatal argentina Enarsa, responsável pela produção e fornecimento de energia, concluiu a compra de 14 carregamentos de gás por meio de processos de licitação.
A importação no valor de 311 milhões de dólares tem como objetivo evitar cortes de energia no país e racionamento em 2010, informou nesta quinta-feira (1/04) a Enarsa em comunicado. Os carregamentos de gás devem ser entregues entre abril e junho.
Argentina era um histórico produtor de gás natural, mas os controles de preços instituídos após a crise econômica de 2001 levaram a uma diminuição das atividades de exploração, produção e oferta interna.
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As empresas que farão as entregas dos primeiros carregamentos de gás são a espanhola Gas Natural e a norte-americana Texas Excelerate Energy LLP.
Na América Latina, a Bolívia é o principal fornecedor de gás para o país vizinho. Desde 2004, a exporta para a Argentina em média cinco metros cúbicos (mmc) de gás por dia. Em fevereiro, o volume foi de 3,98 milhões de mmc por dia.
Na sexta-feira (26), os dois países assinaram um acordo que prevê quintuplicar a venda de gás natural. A previsão é de aumentar para 16 milhões de mmc por dia em 2013, até atingir 27 milhões em 2017.
Estrutura
Estima-se que a obra necessária para aumentar o transporte demandará investimentos de 100 milhões de dólares da estatal YPFB (Yacimientos Petroliferos Fiscales Bolivianos), segundo reportagem do jornal argentino Página 12.
Já foi definido que o gasoduto se chamará Juana Azurduy, nome da heroína das guerras de independência da Bolívia. O Juana Azurduy se ligará ao Gasoduto do Noreste Argentino, o principal projeto de expansão. O duto não aumentará somente a veiculação para a Argentina, mas também com outros mercados sul-americanos.
A nova estrutura deve ter 50 quilômetros de extensão, sendo que 18 estarão em território boliviano e 32 quilômetros em solo argentino, informou a agência de estatal argentina Telam.
Produção
Para conseguir atender a demanda, o governo boliviano solicitou à empresa espanhola Repsol investimentos para iniciar os trabalhos de exploração no campo Margarita, em Tarija, região sul do país, que faz parte do bloco Caipipendi.
No inicio do ano, a Repsol, que é associada a British Gas e a Pan American Energy, anunciou um investimento de 1 bilhão e meio de dólares no período entre 2010 e 2014, segundo o jornal boliviano Cambio.
O planejamento oficial indica que serão perfurados sete poços no Caipipendi, o que deve aumentar a produção diária de 2 a 18 milhões de mmc por dia até 2014.
O país andino tem projetos para exportar gás natural para o Uruguai e para o Paraguai, que, de acordo com o Ministério de Hidrocarbonetos, teriam uma demanda de três milhões de mmc por dia.
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