O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Argentina, Victorio Taccet, afastou hoje (19) o risco de um conflito armado na região das ilhas Malvinas, que estão sob domínio inglês. A reação do ministro se deve ao fato de a presidente argentina, Cristina Kirchner, decretar que as embarcações que transitarem em águas do país devem ser submetidas à autorização. A decisão atinge diretamente empresas da Inglaterra.
“O conflito bélico está excluído do nosso horizonte e os moradores [das Malvinas] não devem ficar preocupados com isso. Mas, digo claramente que a Argentina não vai abandonar essa demanda, que é legítima”, afirmou o vice-ministro.
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No último dia 16, Cristina assinou um decreto que limita a ação do governo da Inglaterra no momento em que empresas de petróleo inglesas anunciaram o início das atividades de exploração de hidrocarbonetos na área das ilhas Malvinas. A região é alvo de disputa entre os dois países desde o século 19. A Grã-Bretanha afirmou que a lei internacional permite que empresas britânicas operem livremente na região.
Na próxima quarta-feira (24), o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, marcou reunião com o chanceler argentino, Jorge Taiana, para discutir o assunto. “Os argentinos devem se acostumar a pensar a longo prazo e esta é uma política a longo prazo, não podemos esperar para ter resultados amanhã ou no prazo de dois dias”, disse o vice-ministro.
Ontem (18), representantes do governo que integram a comissão encarregada de acompanhar a execução do decreto foram ao Congresso Nacional prestar esclarecimentos sobre a iniciativa. “Foi um diálogo muito construtivo”, afirmou o vice-ministro.
Exploração de petróleo
Baseadas em estudos geológicos preliminares, consultorias especulam sobre a hipótese de que mais de seis bilhões de barris de petróleo possam estar à espera de exploração nas Malvinas. No entanto, os poços com lucratividade comprovada estariam em placas oceânicas pertencentes à Argentina, segundo o jornal Valor Econômico.
“É bastante improvável que haja petróleo onde estão procurando”, disse ao veículo o consultor Daniel Gerold. A empresa Desire e outras três petrolíferas britânicas devem iniciar, nas próximas semanas, novos trabalhos de prospecção na plataforma continental das ilhas.
De acordo com o consultor, há chances maiores de descobertas a sudeste das Malvinas, na plataforma continental da Argentina. A Petrobras, em associação com a YPF Repsol e com a Pan American Energy (PAE), começou a fazer trabalhos de prospecção em dezembro na Bacia das Malvinas, em águas territoriais argentinas que não estão em disputa com o Reino Unido.
Com investimento inicial de 100 milhões de dólares, as três petrolíferas buscam petróleo a quase 300 quilômetros da costa argentina e a dois mil metros de profundidade. A YPF é operadora e detém 33,5% da área, assim como a PAE, enquanto a Petrobras tem 33%.
*Com o Valor Econômico
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