O atirador responsável pelo massacre na ilha norueguesa de Utoeya estava “muito seguro, tranquilo e sob controle”, “sabia o que estava fazendo” e anunciou a gritos que os participantes de um encontro de jovens do partido trabalhista morreriam. Este foi o relato relatou feito neste sábado (23/07) por Adrian Pracon, que testemunhou o massacre na ilha de Utoeya, na Noruega, e conseguiu sobreviver fingindo-se de morto.
Pracon contou à rede de televisão BBC detalhes do momento em que começou o tiroteio e o pânico que se instalou em seguida entre os jovens. A testemunha relatou que estava trabalhando na cabine de informações do local, um acampamento, quando recebeu uma chamada por rádio para avisá-lo do atentado ocorrido pouco antes na capital Oslo, e que um policial iria à ilha, mas pouco depois ouviu tiros.
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“As pessoas caíam mortas diante de meus olhos. Corri pelo acampamento em direção à área das barracas. Vi o homem armado. Duas pessoas foram falar com ele e, dois segundos depois, estavam mortas. Ele usava um uniforme preto com faixas vermelhas. Parecia um nazista, com o uniforme que lembrava o de um policial”, disse Pracon.
“O homem estava muito seguro, tranquilo e sob controle. Parecia que sabia o que estava fazendo. Gritou que todos morreríamos. Começamos a correr em direção à água, as pessoas já começavam a tirar as roupas para nadar e ele veio em nossa direção. Eu achava que não teria tempo suficiente para tirar as minhas, então entrei na água com roupa e de botas”, acrescentou.
Pracon também contou que as pessoas que tinham conseguido escapar ilesas dos primeiros disparos se esconderam entre as árvores e as pedras, mas o homem armado voltou uma hora depois e novamente abriu fogo.
“As pessoas caíam em cima de mim, das minhas pernas, e caíam na água – foi aí que muitas morreram. Consegui me proteger atrás delas, rezando para que ele não me visse”, disse.
“Depois ele ficou bem perto, podia ouvir sua respiração, podia sentir suas botas na água”, acrescentou Pracon, que garante ter sobrevivido por não ter saído de onde estava, fingindo-se de morto.
“Agora estou no hospital. O pior não é a dor física, é pensar em quantos amigos morreram”, concluiu.
Outra testemunha, Stine Renate Haheim, membro do parlamento norueguês que também estava no acampamento, disse à BBC que os jovens começaram a se reunir em pequenos grupos para falar sobre o atentado em Oslo quando escutaram que alguém dizer que a polícia estava a caminho da ilha, por isso pensou que estivessem seguros.
“Depois vi um policial chegar e, de repente, começou a atirar nas pessoas, um por um. Começamos a correr em direção ao mar”, afirmou.
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