Diante da suspensão de ajuda internacional e constantes críticas de outros países, o governo golpista de Honduras ameaça responder o seu maior parceiro comercial a altura. Como represália a suspensão dos vistos a de quatro funcionários do governo de Roberto Micheletti feita pelos Estados Unidos, as credenciais de diplomatas norte-americanos no país podem ser canceladas.
A reciprocidade que Honduras se reserva para os funcionários da embaixada dos Estados Unidos em Tegucigalpa é “sem nenhuma exclusão”, afirma o breve comunicado da Secretaria de Relações Exteriores de Honduras emitido ontem (31).
No dia 28, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ian Kelly, disse em Washington que a embaixada em Tegucigalpa revogou os vistos diplomáticos de quatro pessoas que trabalham para o novo Governo de Micheletti, e de suas famílias, mas não as identificou.
Posteriormente, na capital hondurenha foi divulgado que essas quatro pessoas são o presidente do Parlamento, José Alfredo Saavedra; o vice-presidente da Corte Suprema de Justiça, Tomás Arita; o secretário de Defesa, Adolfo Sevilla, e o Comissário dos Direitos Humanos, Ramón Custodio.
A Chancelaria hondurenha do governo golpista, liderada por Carlos López, respondeu a Washington que “nenhuma das pessoas cujos vistos foram cancelados cometeu crimes de corrupção, terrorismo, tráfico de drogas, desvio de fundos públicos ou outros”.
Ordens contra o presidente deposto
Um juiz de Tegucigalpa, Humberto Palacios, ordenou a prisão do presidente deposto hondurenho, Manuel Zelaya, e de três membros do Governo por falsificação de documentos e outros crimes, informou o porta-voz do Ministério Público, Melvin Duarte.
A ordem inclui os ex-ministros da Presidência e de Finanças, Enrique Flores Lanza e Rebeca Santos, respectivamente, e o ex-gerente da estatal Empresa Hondurenha de Telecomunicações (Hondutel) Jacobo Lagos.
O caso apresentado no tribunal é parte de uma investigação da Procuradoria sobre a aprovação de despesas de 128 milhões de lempiras (6,7 milhões de dólares) em publicidade feita pelo Governo de Zelaya.
O presidente deposto já tinha uma ordem de prisão por delitos contra a “forma de Governo, traição à pátria, abuso de autoridade e usurpação de poderes”, todos relacionados com a consulta popular que tentou realizar em 28 de junho, quando foi derrubado.
Micheletti afirmou que Zelaya será detido caso retorne ao país.
Apoio no México
Zelaya visitará o México nesta terça-feira para discutir com o presidente Felipe Calderón a crise política de Honduras provocada pelo golpe de Estado em Honduras.
O México, que a principio tinha divergências internas quanto a reprovação do governo de Micheletti, convidou Zelaya, mostrando-se cada vez mais a favor da restituição do presidente deposto.
“Os governantes do México e Honduras abordarão igualmente o processo que aguarda a mediação liderada pelo presidente da Costa Rica, Óscar Arias, que tem um amplo apoio da comunidade internacional”, afirmou a Secretaria de Relações Exteriores do México.
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