A vice-presidente do Partido da Esquerda Europeia, Maite Mola, afirmou nesta terça-feira (11/12), durante a Conferência Internacional em Defesa da Democracia, realizada pela Fundação Perseu Abramo, em São Paulo, que o avanço das forças de extrema direita no mundo faz parte de um plano do imperialismo para recuperar espaços de influência e obter recursos naturais.
Segundo Mola, os episódios políticos que aconteceram na América Latina, “como a permanência do bloqueio a Cuba, os ataques contra Nicarágua, a eleição de Bolsonaro no Brasil, as sanções contra a Venezuela, não são fatos isolados”.
Para a espanhola, “a guerra na Síria, a desestabilização na Ucrânia e os governos de extrema direita no leste europeu” fazem parte deste plano imperialista “para obter recursos naturais e manter a subordinação da América Latina perante os Estados Unidos”.
A ex-presidente Dilma Rousseff, que compôs a mesa junto com Mola, o vice-secretário geral do Partido Socialista Europeu, Giacomo Fillibeck, e o membro do Aliança PAIS do Equador, Virgílio Hernández, afirmou que o mundo não está assistindo a um processo de “expansão da democracia, como prometido desde o pós-guerra, mas sim uma democracia mitigada”.
Construção de estado de exceção
A ex-presidente ainda destaca que, no caso do Brasil, “vivemos um processo de construção de um estado de exceção, que corre a democracia por dentro”.
“Não é como uma ditadura militar, em que você tem a perda de todos os diretos em todas as circunstâncias. Eles negaram que meu impeachment foi um golpe, porque o golpe revela que a tomada de poder foi indevida”, disse Dilma.
A petista também afirmou que o processo de desestabilização democrática no Brasil “começou com meu impedimento, passou para uma agenda de retirada de direitos que não teve nenhum voto e culminou com a prisão do Lula”.
“Deixar o Lula ganhar a eleição impediria que eles ampliassem a agenda de vender a Petrobras, continuar a reforma da previdência, implementar a Escola sem Partido, interferir na independência do Banco Central, e por aí vai”, disse a ex-presidente.
Sobre a prisão do ex-presidente Lula, Giacomo Filibeck criticou o processo judicial que levou o petista à prisão e afirmou que “é inaceitável que um juiz como Sergio Moro se torne ministro e Lula continue preso”.
“Quando o poder judiciário tentar substituir o poder político e influenciar o panorama democrático eleitoral e livre você está subvertendo os padrões que estão na base sobre as quais funcionam um país com coesão”, disse.
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Ex-presidente Dilma Rousseff compôs a mesa junto com Mola, Giacomo Fillibeck e Virgílio Hernández