O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu aos líderes do G20 nesta sexta-feira (06/09) que se encontre uma solução política para a crise huanitária “sem precedentes” na Síria. A questão do conflito sírio não estava na agenda oficial da cúpula, mas o secretário-geral abordou a questão durante o jantar de trabalho na noite desta quinta (05/09).
Leia mais:
Brics classificam espionagem dos EUA como “manifestação de terrorismo”
Agência Efe
Putin recebe Ki-moon durante encontro do G20
Em uma reunião nesta manhã, o chefe das Nacões Unidas apelou aos líderes mundiais para convocar o mais rápido possível uma conferência internacional sobre a Síria, em Genebra. Rússia e Estados Unidos acordaram no início de maio a realização de uma conferência destinada a facilitar uma solução através do diálogo político, mas os Estados Unidos adiaram o encontro no fim de junho.
Leia mais:
Encontro do G20 extrapola temas econômicos e aborda Síria e espionagem
Ban Ki-moon disse que o mundo deve fazer “de tudo” para acabar com o sofrimento do povo sírio e pediu ainda que sejam estudadas todas as opções possíveis para evitar uma maior militarização do conflito.
O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse hoje que qualquer ataque militar dos EUA contra a Síria seria um grande atraso para as conversas que vêm acontecendo há tanto tempo. A Rússia insiste que a ONU é o único órgão que pode legitimar a ação militar na Síria.
Leia mais:
Hacker diz ter documentos que sugerem que EUA forjaram ataque químico na Síria
Ban Ki-moon destacou ainda o custo humano do conflito, lebrando que mais de 100 mil pessoas já morreram, 4,25 milhões foram deslocadas dentro do próprio país e 2 milhões de sírio estão refugiados no exterior.
Jantar
O primeiro-ministro britânico David Cameron descreveu como “caloroso” o debate sobre a Síria durante o jantar de quatro horas e disse ainda que a cúpula nunca chegaria a um acordo sobre a Síria devido à profundidade das divisões.
Cameron disse ainda estar frustrado com a insistência do presidente da Rússia, Vladimir Putin, de que o ataque químico foi feito pelas forças rebeldes de oposição a Assad. “Putin está a quilômetros de distância do que eu acho que é a verdade e a quilômetros de distância do que muitos de nós acreditamos”, declarou o primeiro-ministro britânico. Cameron disse que vai ser muito difícil mudar a opinião do russo.
Durante o jantar, Putin disse ao presidente norte-americano Barack Obama e ao francês François Hollande que as chances de reviver as negociações de paz após bombardeios punitivos seriam mínimas.
NULL
NULL
O secretário de imprensa do presidente Putin, Dmitry Peskov, afirmou também que, depois do banquete, o presidente russo realizou uma reunião bilateral com David Cameron e discutiu particularmente o conflito sírio. Peskov disse ainda que alguns países mantiveram a posição sobre a necessidade de “medidas precipitadas, ignorando as instituições internacionais legítimas”.
Dilma Rousseff, presidente brasileira, afirmou também nesta sexta que o Brasil não reconhece nenhuma ação militar na Síria sem a aprovação da ONU.
Lituânia
Durante um encontro entre ministros de Defesa da União Europeia, o ministro de Defesa da Lituânia, Juozas Olekas, disse que há evidências que apontam que o regime de Bashar Al Assad usou armas químicas em um ataque perto de Damasco no mês passado. “Há muitos sinais de que o regime usou as armas (químicas)”, declarou Olekas. A Lituânia detém a presidência rotativa da UE.
Paralelamente, Serguei Naryshkin, presidente da Duma (câmara baixa da Assembleia Legislativa russa), declarou que os deputados russos que viajariam para os Estados Unidos para discutir a crise da Síria decidiram cancelar a viagem, já que os representantes do Congresso americano se recusam a se encontrar com os parlamentares russos.
Algumas analistas indicam que a negativa do Congresso americano tem como objetivo evitar que a delegação russa cause ainda mais desavenças no debate sobre a Síria que acontece no Capitólio.