Os bancos não aprenderam as lições da crise do sistema financeiro internacional que hoje (15) completa um ano com o colapso do banco norte-americano Lehman Brothers, segundo afirmou um relatório do Instituto de Pesquisa de Políticas Públicas (IPPR), um centro britânico de análise política.
O IPPR, um “think tank” progressista, indica em seu estudo que a rápida volta à “cultura das gratificações” para os diretores dos bancos demonstra que a reforma no setor foi “muito limitada”.
“Os alarmes deveriam saltar com os primeiros indícios que se voltou à atitude de 'volta à normalidade' e que há poucas evidências que os políticos tenham tomado as medidas que assegurem que a próxima recuperação seja mais equilibrada que a última”, afirmou Tony Dolphin, economista do IPPR.
A menos que se tomem medidas urgentes, uma crise bancária como a que começou há um ano nos Estados Unidos não será a última que tenha as mesmas características, se assinala neste relatório, no qual se advoga também por uma maior cooperação internacional.
O IPPR sugeriu que seria importante conceder a nações emergentes como China, Índia e Brasil um papel mais importante nas instituições financeiras internacionais como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial.
O objetivo para este instituto de estudos é estabelecer uma série de princípios estipulados pela comunidade internacional que permitam criar um sistema financeiro que opere em benefício da economia global e não das instituições particulares.
No que se refere às bonificações aos banqueiros, o IPPR considera que será crucial uma mudança para prevenir no futuro a tomada de decisões excessivamente especulativas e arriscadas, e confia em que a cúpula que o G20 realizará nos dias 24 e 25 em Pittsburgh, Estados Unidos, aprove medidas eficazes ao respeito.
Oposição
Ontem (14), o Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), a maior associação de bancos do mundo, rejeitou a iniciativa de alguns membros do G20 de impor limites às bonificações de seus diretores.
O IIF, que representa mais de 370 entidades, em carta dirigida ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez um mea culpa sobre sua responsabilidade na atual crise.
“A indústria de serviços financeiros é muito consciente de que pontos fracos e falhas em algumas de nossas práticas empresariais contribuíram para uma crise grave e cara”, segundo a carta.
De acordo com o texto, o IIF aceita uma mudança na lei que obriga as entidades financeiras a aumentarem o capital que devem guardar em cofre, ao invés de conceder empréstimos, para responder a uma mudança nas condições do mercado.
Sobre o tema, Charles Dallara, diretor-gerente do IIF, disse em entrevista coletiva que o grupo se opõe a impor “limites rígidos aos salários”.
“Acho que não é factível nem desejável tentar abordar o tema da compensação sob o prisma particular da moral de cada um”, acrescentou Dallara.
Em um discurso em Nova York, pouco depois da entrevista coletiva, Obama fez referência aos membros do IIF. “Há pessoas na indústria financeira que estão interpretando mal a situação, (…) que não aprenderam a lição”, disse Obama, em um discurso para lembrar a quebra do banco de investimento Lehman Brothers, um ano depois de seu anúncio.
“Não voltaremos aos dias de comportamentos temerários e excessos descontrolados (…), nos quais muitos estavam motivados somente por seu apetite pelo risco e bonificações infladas”, afirmou Obama.
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