O papa Bento XVI manifestou neste sábado (18/9)em Londres sua “profunda dor” às vítimas de abusos sexuais por parte de sacerdotes e disse sentir-se “envergonhado e humilhado” por esses pecados, que classificou de “crimes atrozes”.
Pela segunda vez durante sua visita ao Reino Unido, onde ocorreram inúmeros abusos sexuais de religiosos a menores, o papa voltou a expressar sua “tristeza” e condenar os abusos “que tantos sofrimentos causaram a esses menores”.
“Penso no imenso sofrimento causado pelo abuso de menores pelos ministros da Igreja. Quero manifestar meu profundo pesar às vítimas inocentes destes crimes atrozes, junto da minha esperança de que o poder da graça de Cristo e sacrifício da reconciliação traga a cura profunda e paz as suas vidas”, afirmou.
Bento XVI acrescentou: “reconheço a vergonha e a humilhação que todos sofremos por causa destes pecados”.
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O pontífice, que declarou “tolerância zero” com a pederastia, fez estas manifestações diante de milhares de pessoas que assistiram na catedral católica de Westminster à missa solene, que teve a presença ainda do arcebispo de Canterbury e primaz da Igreja Anglicana, Rowan Williams.
“Nem vigilante, nem veloz”. Estas palavras foram uma continuação das expressadas no último dia 16 no avião que o levou de Roma para Edimburgo, quando, pela primeira vez, reconheceu que a Igreja em seu conjunto – os bispos e o Vaticano – não foram suficientemente “atentos, velozes e decisivos” na hora de enfrentar os abusos sexuais a menores.
“Sinto uma grande tristeza porque a autoridade da Igreja não foi suficientemente vigilante, nem suficientemente veloz, nem decidida, para tomar as medidas necessárias”, afirmou o papa nesse dia, quando revelou que para ele saber destes escândalos foi “um choque”.
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Após insistir em que a Igreja deve cumprir “penitência” pelo ocorrido, ressaltou que o mais importante são as vítimas, às que é preciso ajudar para que possam superar o trauma, recuperar a vida e a confiança na mensagem de Cristo.
Referiu-se aos padres pedófilos: “com relação a essas pessoas culpadas, é preciso excluir qualquer possibilidade de que elas acendam aos jovens”.
Protestos
Na Grã-Bretanha foram denunciados inúmeros casos de abusos sexuais a menores e um grupo de vítimas exigiu à Igreja Católica que adote “medidas” contra os agressores para “reparar” o sofrimento que causaram. Exigem ainda que seja entregue toda a documentação desses sacerdotes à justiça.
Antes da missa, o papa se reuniu com o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron; o vice-primeiro-ministro, Nick Clegg, e o líder da oposição trabalhista, Harriet Harman.
Esta tarde participará em Hyde Park de uma vigília por ocasião da beatificação, amanhã, em Birmingham do cardeal John Henry Newman (1801-1890), um anglicano que se converteu ao catolicismo e é considerado como um dos “pais espirituais” do Concílio Vaticano II.
Muitas pessoas se manifestam contra a visita do Bento XVI, ao que acusam de ultra-conservador e de ter escondido os casos de padres pedófilos.
Por outro lado, a Polícia continuou interrogando aos seis homens detidos ontem em Londres, suspeitos de prepararem um “ato terrorista” durante a visita do papa.
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