Atualizada às 13h58
Pesquisa de boca-de-urna divulgada neste domingo (22) após o fechamento das urnas na Alemanha mostra que o partido de Angela Merkel, a União Democrata-Cristã (CDU), obteve a maioria dos assentos no parlamento. Porém, para que Angela Merkel seja reconfirmada, poder ser necessária uma coligação com o Partido Socialdemocrata Alemão (SPD). O parceiro atual de Merkel, o Partido Liberal da Alemanha (FDP), não deve atingir a cláusula de barreira e pode ficar de fora do Bundestag.
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De acordo com o levantamento divulgado pelo programa Tagesschau, a União (bloco formado pela CDU, União Democrata-Cristã, e pela CSU, a União Social-Cristã) deve atingir 42% dos votos, contra 26% do SPD, principal força de oposição a Merkel. Se confirmado, este resultado será o melhor da União desde 1983.
O FDP atinge 4,7% das intenções de voto na pesquisa e não deve atingir a cláusula de barreira de 5%. O partido “A Esquerda” (Die Linke) registra 8,5% e os Verdes, 8%.
Merkel tem que se preocupar em formar maioria, diz oposição
Após a divulgação dos primeiros resultados, o candidato do SPD, Peer Steinbrück, afirmou que “não iria especular” sobre formação de governo neste momento. “Ela [Merkel] é que precisa se preocupar com maioria”, disse, sem, no entanto, descartar uma futura aliança.
A boca-de-urna faz uma previsão de assentos no Parlamento e indicam que uma coligação SPD, Die Linke e Verdes poderia ter maioria. Porém, em declarações anteriores, Steinbrück, descartou uma aliança com o “A Esquerda”. Por sua vez, o presidente do Die Linke, Gregor Gysi, que também descartou a coligação, já comemorou neste domingo o fato de seu partido ter se tornado a “terceira força no Bundestag”, superando os Verdes.
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Uma surpresa do levantamento divulgado pelo Tagesschau é o partido novato Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão) – que registra 4,9% das intenções de voto e pode entrar pela primeira vez no Bundestag. A agremiação defende a saída da Alemanha da zona do euro e pode ter roubado votos dos liberais.
Agência Efe
Boca-de-urna inidica reeleição de Merkel, mas com necessidade de coligação com partido de oposição
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Cada alemão tinha direito a dois votos neste domingo. No primeiro, votou-se no candidato do distrito a que o eleitor pertence (cada distrito compreende cerca de 250 mil eleitores). Esse primeiro voto preenche 299 cadeiras. Na segunda vez, a população vota em uma lista de candidatos indicada por cada partido. Na prática, o segundo voto serve para escolher quais agremiações serão representadas no parlamento. Com essas escolhas, são preenchidos outros 299 assentos.
Cláusula
A questão é que existe uma cláusula de barreira: se o partido não atinge 5% do segundo voto ou não consegue vencer a eleição em pelo menos três distritos, não vai para o Bundestag. E, segundo a boca-de-urna, o FDP não conseguiu alcançá-lo.
Desde o início da campanha, há dois meses, o partido vinha flertando com a cláusula. A última pesquisa do Polit Barometer mostra o FDP com 5,5% das intenções de voto – com margem de erro de 2%. Outro levantamento, do Instituto Forsa, dá à agremiação 5% exatos. Para piorar, no domingo passado (15/09), o partido conseguiu somente cerca de 3% dos votos na eleição regional da Baviera.
Em declarações na última semana, a chanceler parecia já ter aceitado o fato, ao pedir aos eleitores que também deem o segundo voto à CDU e não ao FDP, que faz campanha explícita pela segunda opção. Nós gostaríamos de continuar a coalizão, mas a CDU não tem votos para dar de presente. Cada um luta por sua política”, afirmou a chanceler durante um comício em Potsdam (a 35 km de Berlim). Em outro evento, em Duderstadt (a 350 km da capital), Merkel foi ainda mais direta: “Os dois votos para a CDU, esse é o lema”.
De volta ao começo
O governo Merkel I foi sustentado por uma coligação União-SPD. Em 2005, quando concorreu pela primeira vez ao cargo, a hoje chanceler enfrentou Gehrard Schröder, do SPD, então mandachuva do país – e o primeiro Bundeskanzler (como se chama o cargo em alemão) do partido desde 1982. O resultado foi bem apertado: 35,2% dos votos para a União, 34,2% para o SPD. Daí, coube a Angela Merkel formar o governo. Nesta primeira gestão, Steinbrück foi ministro das Finanças.
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Em 2009, a União conseguiu um percentual menor (33,8%), mas foi beneficiada por uma queda de 11 pontos percentuais nos votos do SPD e pelos 14,6% registrados pelo FDP. Assim, conseguiu maioria e formou o governo Merkel II.