O governo da Bolívia extraditou para Argentina neste domingo (25/12) um ex-coronel de polícia que estava foragido desde 2003, quando começou a ser processado pela Justiça argentina por crimes cometidos durante a ditadura militar do país (1976-1983). Luis Enrique Baraldini, de 73 anos, foi capturado pelas autoridades bolivianas no aeroporto de Santa Cruz de La Sierra no sábado, e no dia seguinte já estava em solo argentino.
O ex-coronel é acusado de ter comandado um centro clandestino de prisão e extermínio entre 1976 e 1979, quando foi chefe da polícia da província de La Pampa. Baraldini ficará preso na penitenciária Marcos Paz, localizada em Buenos Aires, até a reabertura do processo judicial por crimes contra a humanidade.
Ele também é suspeito de vínculo com uma tentativa de assassinar o presidente boliviano Evo Morales, em 2009, ao lado de grupos de extrema-direita locais, segundo a ministra de Segurança da Argentina, Nilda Garré.
Agência Lusa
Anistiado duas vezes, Baraldini também participou de tentativa de golpe contra o então presidente Carlos Menem
Durante o anúncio da prisão e extradição do foragido, Garré afirmou que, segundo relatos de testemunhas, Baraldini torturava pessoalmente os presos políticos no período.
O ex-coronel escolheu como rota de fuga o país onde foi adido militar em 1980, quando treinou oficiais do exército boliviano segundo as diretivas da Operação Condor. Com a volta da democracia na Argenina, Baraldini foi condenado e preso por 20 crimes durante a ditadura. Com as leis de impunidade do final dos anos 1980, no entanto, o oficial foi anistiado e, em liberdade, participou de um levantamento militar contra o então presidente Carlos Menem, em 1990.
A tentativa de golpe o levou a uma nova prisão, até um novo indulto, desta vez sancionado pelo ex-presidente Eduardo Duhalde, em 2002. Com a retomada dos julgamentos dos crimes contra a humanidade perpetrados na ditadura argentina, em 2003, com a assunção de Néstor Kirchner, e uma ordem de prisão emitida pelo juiz federal Daniel Rafecas, Baraldini escapou para a Bolívia, onde estava foragido desde então.
Segundo a ministra de Segurança da Argentina, o ex-coronel contava com a proteção do genro, que atua como diretor de Segurança Cidadã da prefeitura de Santa Cruz de la Sierra, que lhe proporcionava uma “especial cobertura para que se escondesse”. Baraldini foi preso no aeroporto, onde esperava seus familiares, com quem passaria a noite de Natal. Garré informou também que prisão foi efetuada quando o foragido apresentou um documento falsificado às autoridades aeroportuárias.
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