Uma briga entre as autoridades de Potosí e Oruro, dois departamentos considerados redutos do presidente Evo Morales, transformou-se nesta quarta-feira (4/8) em um desafio ao governo, que agora busca negociar com as partes para superar tal conflito.
Dirigentes cívicos de Potosí — que têm realizado uma série de protestos nos últimos dias, como o bloqueio de estradas que ligam o departamento a Sucre e Tarija — reivindicam 180 hectares da área limítrofe que mantém com Oruro, que também acredita que tal território pertence à sua jurisdição.
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O ponto em questão fica entre as localidades de Coroma (Potosí) e Quillacas (Oruro), região conhecida por sua riqueza em recursos naturais. Apesar de ser motivo de discussão há décadas, o conflito ampliou-se nos últimos dias com a intensificação dos protestos, que chegaram a atos de violência.
Os moradores de Potosí solicitam ainda as instalações de uma fábrica de cimento, projeto que foi paralisado há um mês, e de um aeroporto internacional, além de atenção aos projetos viários.
O governo de Morales tenta negociar com as partes, mas ainda sem muito sucesso. Ontem, cidadãos de Oruro aceitaram o convite para um diálogo em Sucre. Já os dirigentes de Potosí se negam a discutir o tema.
Nas eleições de 2009, quando foi reeleito presidente da Bolívia, Morales venceu em ambos os departamentos com mais de 70% de apoio popular.
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Nesta quarta-feira, o ministro da Presidência, Oscar Coca, reiterou que a situação está sob controle, mas pediu aos bolivianos que acabem com os protestos e participem da negociação.
Ontem, em Potosí, os manifestantes tentaram invadir a sede do governo local e as residências do governador Félix Gonzalez e do vice-ministro de Coordenação com os Movimentos Sociais, César Navarro.
O ministro de Autonomias, Carlos Romero, por sua vez, declarou que irá esperar “pacientemente” que os dirigentes aceitem a proposta, insistindo na necessidade de dialogar em busca de uma solução.
Em julho, o presidente enfrentou outro protesto de seus partidários. Indígenas iniciaram manifestações pedindo que suas demandas fossem integradas à Lei de Autonomias e Descentralização, uma das cinco medidas orgânicas do Estado Plurinacional da Bolívia.
Exigindo conversar diretamente com Morales, os nativos pediam autonomia plena de suas comunidades, direito à consulta para o aproveitamento dos recursos naturais em seus territórios, maior representação no Legislativo e atenção para o desenvolvimento das regiões em questão.
Após percorreram mais de 300 quilômetros a pé, eles chegaram a um acordo com o Executivo que, por sua vez, aceitou parte das solicitações. A lei em discussão, que fora duramente criticada pela oposição, fazia parte das normas previstas na Constituição aprovada em 2009 e que visam permitir a implementação do programa de governo de Morales.
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