O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou durante discurso em Nova York que o Brasil e os Estados Unidos não devem aceitar o golpe militar em Honduras e que os países devem estreitar relações para promover a democracia na região. Lula recebeu na ocasião o prêmio Woodrow Wilson.
“Não podemos aceitar mais golpe militar. Não temos o direito de aceitar que alguém se ache no direito de tirar uma pessoa eleita democraticamente e colocar no seu lugar uma pessoa que ele entenda que seja boa. Eu acho que a posição dos Estados Unidos e do Brasil é importante, porque fortalece a democracia no nosso continente”, disse Lula.
Gustavo Amador/EFE (21/09/2009)
Zelaya aparece na varanda da embaixada do Brasil em Tegucigalpa
O presidente golpista de Honduras, Roberto Micheletti, pediu ao Brasil que entregue Zelaya, que retornou nesta segunda-feira ao país e está abrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa, para que seja julgado pela Justiça hondurenha. O Ministério das Relações Exteriores do governo golpista enviou uma nota de protesto à embaixada brasileira.
O “Brasil é país de instituições sólidas e democráticas”, discursou. Lula ainda deu o exemplo do governo de esquerda em El Salvador para citar uma ocorrência que classificou como “responsável” – a vitória nas eleições por meio de um processo democrático.
Na região, o presidente enumerou a “construção da Unasul, a construção do conselho de defesa sul-americana e o combate ao narcotráfico na Unasul”. “O estabelecimento de uma política de convivência democrática é o sacrifício que temos de fazer”, disse. A região, afirmou, é “pacifica, tranquila e democrática”.
O governo de Micheletti é considerado ilegítimo por praticamente todos os países do mundo. Os Estados Unidos, a União Europeia e entidades internacionais congelaram, desde o golpe, cerca de 300 milhões de dólares da ajuda essencial para que Honduras equilibre seu orçamento.
Aval
Em Nova
York, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, confirmou ontem
(21) que Zelaya chegou a embaixada brasileira em Tegucigalpa por meios
próprios.
O aval para a entrada de Zelaya foi dado pelo
subsecretário-geral da América do Sul do Ministério das Relações
Exteriores, Enio Cordeiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que
estava no avião indo de Brasília para Nova York, foi avisado
imediatamente por Amorim.
Logo após informar o chanceler, o encarregado de
negócios, Francisco Catunda, passou o telefone para Zelaya conversar
com Amorim. “Dei as boas-vindas e perguntei se ele estava bem. Ele me
respondeu que sim, mas um pouco cansado por causa da caminhada pelas
montanhas.” Questionado pelos jornalistas, Amorim voltou atrás e disse
não saber se Zelaya foi andando até a embaixada.
“Se a presidência ajudou ou não Zelaya, nunca saberemos. O que está
claro é que quando ele bateu na porta da embaixada, Amorim o autorizou
a entrar, e isso não acontece sem a permissão do presidente Lula”,
disse uma fonte do Planalto ao Pagina 12.
Teste para Obama
A volta do presidente deposto de Honduras é um passo significante e pode forçar o fim da crise política que se instalou no país desde o dia 28 de junho, na opinião do co-diretor do CPER (Centro de Pesquisa Econômica e Política), Mark Weisbrot.
“Este pode ser o momento da verdade da administração Obama”, afirmou Weisbrot. “Se Zelaya está de volta, eles terão de decidir em qual lado estão. É claro que o resto do mundo ficará a favor de Zelaya, de seu retorno à presidência e para a restauração da democracia em Honduras.”
A concentração de diversos chefes de Estado em Nova York para a reunião anual da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) provavelmente se pronunciará em apoio ao presidente deposto.
Prisão
O governo golpista permanece ameaçando prender Zelaya. “A prisão de Zelaya em acusações dúbias – as quais o regime atual não tem autoridade para impor – aumentaria o isolamento e as chances de sanções da comunidade internacional” afirma Weisbrot.
Quando Zelaya tentou voltar a Honduras em julho, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, denunciou sua ação como “inconseqüente”, afirmando que o presidente deposto deveria apostar em uma solução negociada. Meses depois, o governo golpista continua rejeitando propostas do presidente costarriquenho e mediador da crise, Oscar Arias.
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