Desde 2011 no comando da Força-Tarefa Marítima da Unifil (Força Interina das Nações Unidas no Líbano), o Brasil enviará pela quarta vez consecutiva uma embarcação com armamento bélico para patrulhar as águas da costa libanesa e evitar a violação do embargo de armas imposto ao Líbano pela ONU.
A fragata União partiu da Base Naval do Rio de Janeiro nesta segunda-feira (10/06), com previsão de chegada em Beirute apenas em 11 de julho. A bordo, estão 243 militares e uma aeronave para integrar a força-tarefa.
Vinicius Lisboa/Abr (16/02/2013)
Retorno da fragata Liberal da Unifil (Força Interina das Nações Unidas no Líbano), única Força Tarefa Marítima da ONU
O comandante do navio, o capitão de Fragata Gustavo Calero Garriga Pires, admitiu em entrevista a Opera Mundi que houve registro de interceptações de carga ilegal de armamento no período que o Brasil esteve no comanda. “Nossa missão é monitorar a costa do Líbano e realizar operações de interdições marítimas a fim de impedir a entrada de armas ilegais. Fazemos abordagens e monitoramos o tráfego de navios mercantes. É um trabalho de cooperação com a Marinha do Líbano para impedir o ingresso de armas sem o consentimento do governo libanês”, afirmou.
Segundo a Marinha, a Força-Tarefa Marítima no Líbano atingiu, em março desse ano, a marca de 50 mil interceptações de navios em trânsito na chamada Área Marítima de Operações. Estabelecida em 2006, pelo Mandato 1701 do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), a área de patrulha é de cinco mil milhas náuticas quadradas, o equivalente a 17 mil quilômetros quadrados. Desde o início das operações, foram inspecionados mais de 36 mil navios.
A Fragata União carrega a bordo canhões antiaéreos, lançador duplo de foguetes, mísseis antinavio, lançadores triplos de torpedos e metralhadoras. Esta é a segunda vez que a União atua no Líbano. Na primeira vez, Garriga admite que não houve a necessidade de abrir fogo contra embarcações suspeitas de cargas ilegais.
Formação
O militar informou ainda que, além de participar desta força-tarefa internacional, o Brasil ainda coopera para a formação de militares da Marinha libanesa para exercer domínio e controle de suas águas jurisdicionais.
“Também temos o objetivo de ajudar no desenvolvimento da Marinha do Líbano que já tem recebido frutos da colaboração brasileira. Recebemos militares libaneses no navio e eles acompanham os exercícios conjuntamente. Já ministramos também aulas na escola naval do Líbano”, contou.
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Garriga comandará a Fragata brasileira, que continuará sendo o principal meio de um grupo multinacional de oito navios, composto por dois alemães, dois de Bangladesh, um da Grécia, Indonésia e Turquia.
A UNIFIL é uma das nove missões internacionais da ONU com participação de brasileiros. Criada pelo organismo internacional em 1978, ela conta atualmente com a participação de 35 países e cerca de 12 mil militares, policiais, além de funcionários civis. Em setembro de 2011, o Congresso Nacional autorizou a Marinha do Brasil a enviar um navio para integrar a Força-Tarefa Marítima.
Política externa
Segundo defendeu Garriga, a participação do país faz parte da política externa brasileira de contribuir para a solução de conflitos internacionais. “O esforço da Marinha e do Brasil está sendo bem visto pela ONU. Este é um esforço que coaduna com os interesses do mais alto nível do nosso país, de ter maior participação no cenário internacional”.
De acordo com o militar, que segue para sua primeira experiência de missão de paz, atuar numa área de conflito e, especialmente, no Oriente Médio, é “um grande desafio, uma experiência que me preparei a vida inteira para isso”. O retorno da Fragata ao Brasil está previsto para março de 2014.
O orçamento da missão aprovado de julho de 2012 a junho de 2013 é de US$ 524 milhões. A missão já teve 297 baixas, entre os quais 280 eram militares, dois observadores internacionais, oito civis estrangeiros e sete civis libaneses.
Desde a sua criação, em 2006, quando Israel invadiu o Líbano, a Força-Tarefa Marítima sempre foi comandada por países da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Contudo, após a retirada da Itália do comando naval, esta foi a primeira vez que um país não europeu é convidado pela ONU.