Domingo, 20 de julho de 2025
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O primeiro latino-americano nomeado diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), o diplomata brasileiro Roberto Azevêdo, assumirá o cargo nesta segunda-feira (02/09), e sua primeira missão será transmitir aos líderes do G20 a urgência de ressuscitar as negociações multilaterais de comércio.

A tarefa de Azevedo será difícil em momentos em que a atenção internacional está quase monopolizada pelo conflito na Síria e a possibilidade de uma intervenção militar dos Estados Unidos no país árabe.

No âmbito estritamente comercial, os Estados Unidos e a União Europeia voltam agora seus esforços às negociações que acabam de lançar para um acordo de livre-comércio entre as partes.

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Apesar da importância que a China ganhou no comércio internacional, norte-americanos e europeus continuam a ser os principais agentes dos intercâmbios além das fronteiras de mercadorias e serviços.

A porta-voz da OMC, Melissa Begag, confirmou a participação de Azevêdo na cúpula do G20 (grupo de países desenvolvidos e emergentes), que acontecerá nesta quinta e sexta-feira em São Petersburgo, na Rússia.

Primeiro compromisso internacional do diplomata será a reunião do G20 na Rússia, a partir de quinta-feira

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Após voltar a Genebra, o brasileiro apresentará as principais linhas de seu plano de trabalho, suas prioridades e os objetivos com os quais inicia seu mandato de quatro anos. Essa apresentação vai acontecer no dia 9 na sede da OMC em Genebra para os 159 países-membros da organização. A adesão mais importante dos últimos anos foi sem dúvida a da Rússia, que se incorporou à entidade comercial em meados de 2012.

A OMC foi concebida como a instância multilateral onde as “regras do jogo” do comércio mundial são pactuadas e recebeu o mandato de zelar por seu cumprimento e, em caso de transgressão, de agir como órgão de arbitragem.

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Um dos principais trabalhos da OMC é resolver as disputas comerciais entre países-membros. Estes aumentaram significativamente nos últimos anos, e desde 2005 são 132.

As mudanças na configuração do comércio internacional e a volatilidade que a economia mundial segue sofrendo constituem desafios adicionais com os quais Azevêdo terá que lidar.

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Desde meados da década passada, o comércio além das próprias fronteiras experimentou mudanças profundas e passou a um maior equilíbrio com a importância que os países em desenvolvimento ganharam.

Não é de se estranhar que quase todos os candidatos ao posto de diretor-geral são de países em desenvolvimento e que Azevêdo seja o segundo representante dessa categoria a assumir o cargo, depois do tailandês Supachai Panitchpakdi.

Apesar disso, é previsível que Azevedo terá dificuldades para convencer o bloco de países em desenvolvimento da importância de dar um novo impulso ao papel negociador da OMC devido à incerteza que a desaceleração das economias emergentes está provocando.

Este movimento está acompanhado de inesperadas desvalorizações das divisas de vários países, como o real, o rublo russo, a rúpia indiana, a lira turca, além de outras moedas do sudeste asiático.

Neste cenário pouco encorajador, o objetivo declarado de Roberto Azevêdo de reiniciar as negociações da Rodada do Desenvolvimento de Doha – inclusive de maneira muito mais modesta a respeito das ambições com as quais nasceu há mais de uma década – será muito complicado de ser alcançado.