O governo canadense pediu nesta sexta-feira (29/10) ao Tribunal Federal do país que anule uma decisão histórica que destina bilhões de dólares em indenização a crianças indígenas retiradas à força de suas casas, alegando que prefere conduzir acordos negociados.
Em 2019, o Tribunal Canadense de Direitos Humanos (CHRT) ordenou que Ottawa pagasse uma indenização de 40 mil dólares canadenses a cada uma das milhares de crianças autóctones retiradas dos pais e colocadas no sistema de proteção à infância, após 2006. A decisão havia sido validada no mês passado.
As autoridades canadenses admitiram que a compensação é necessária, mas afirmaram que prefeririam acertar os detalhes como parte de um acordo negociado.
“Vamos compensar aqueles que foram prejudicados pelas políticas de serviços para crianças e suas famílias para corrigir os erros do passado e estabelecer as bases para um futuro mais justo e forte para as crianças autóctones, suas famílias e comunidades”, postou no Twitter o ministro das Relações Coroa-Indígenas, Marc Miller.
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Memorial em frente a antiga escola indígena de Kamloops para homenagear 215 crianças cujos restos mortais foram encontrados na região
“O foco será chegar a um acordo fora do tribunal e na mesa de negociações”, acrescentou ele.
Nous avons été sans équivoque depuis le début : nous indemniserons les personnes lésées par les politiques de services à l’enfance et à la famille afin de réparer les torts du passé et de jeter les bases d’un avenir plus équitable et plus solide pour les enfants
— Marc Miller (@MarcMillerVM) October 29, 2021
Diversos representantes das chamadas crianças das Primeiras Nações expressaram seu desapontamento. Mas, de acordo com Ottawa, dois grupos, incluindo a Assembleia das Primeiras Nações, concordaram em discutir com as autoridades, na tentativa de chegar a um acordo até o final de dezembro.
Essas reviravoltas ocorrem em meio à introspecção do país sobre os erros causados a seus aborígenes. Desde maio, mais de mil túmulos anônimos foram encontrados em locais de antigos pensionatos para crianças indígenas, lançando luz sobre um capítulo sombrio da história do Canadá e sua política de assimilação forçada das Primeiras Nações.