Dois antigos empregados do
governo norte-americano foram acusados esta sexta (5) de espionarem
para o governo cubano durante 30 anos. É a segunda vez que cidadãos
dos Estados Unidos são acusados de espionar para Cuba.
Walter
Myers, de 72 anos, e sua esposa Gwendolyn, de 71, admitiram em
conversas com um agente encoberto do FBI suas atividades
clandestinas, segundo a ata de acusação apresentada ante um
tribunal em Washington.
A confissão foi obtida porque o
casal pensava que estava falando com um agente cubano, que teria
renovado o contato com os dois, depois de vários anos de
inatividade. As autoridades norte-americanas não sabem dizer se o
casal recebeu qualquer remuneração por suas atividades.
Em
depoimento divulgado pelo Departamento de Justiça americano, um
agente do FBI afirmou que Myers era oficial de segurança e
investigações na seção européia do Departamento de Estado, até
se aposentar em 2007. Nessa posição, tinha acesso a todo o tipo de
informações secretas que passou ao governo cubano.
Agente encoberto
A ata não especifica que tipo de relatórios e
informações Mayers, com a ajuda de sua esposa, enviou a Havana, mas
deixa entender que foram prejudicais para a segurança nacional
norteamericana. A última informação que pensaram ter enviado ao
governo cubano – mas que nunca chegou a Havana porque, na realidade,
foi pedida pelo agente encoberto do FBI – tinha a ver com a Cúpula
das Américas realizada em abril em Trinidad e Tobago.
Antes
de serem descobertos pelas autoridades norte-americanas, em uma data
não especificada, o casal comunicava-se com agentes cubanos através
de cartas, correio eletrônico e mensagens de rádio enviadas de
Havana. Os dois eram identificados nesses envios como agente 123 e
agente 202.
Ambos admitiram, segundo a ata de acusação, que
viajaram a Havana em 1979 e seis meses depois foram recrutados por um
agente cubano que viajou expressamente aos Estados Unidos para a
ocasião. A viagem do casal a Cuba foi patrocinada pelo Instituto
Cubano de Relações Internacionais, mas não foi comunicada por eles
às autoridades norte-americanas.
Troca de carrinhos
Os agentes do FBI garantiram que conseguiram
provas de que o casal viajou a vários países da América Latina,
incluindo o Brasil, para encontrar-se com seus contatos cubanos.
Em
uma das conversas com o agente encoberto do FBI, Gwendolyn afirmou
que preferia fazer chegar seus relatórios aos cubanos durante
visitas a supermercados porque “era muito mais fácil trocar os
carrinhos”.
Nem o Departamento de Estado, o FBI, o
Departamento de Estado ou o Departamento de Justiça, retornaram as
ligações do Opera Mundi para comentar a noticia.
A prisão
do casal tomou de surpresa a liderança do exílio cubano. Apenas o
senador federal cubano-americano Mel Martinez, disse ao Opera Mundi
que o acontecimento deve “obrigar os Estados Unidos a suspender as
próximas conversações sobre imigração” entre Havana e
Washington.
“Se eles continuam a nos espiar não temos
razão nenhuma para nos sentar à mesma mesa”, afirmou o senador,
crítico desde sempre de qualquer contato com o governo da ilha.
Velhos comunistas
A prisão do casal provocou estupor em meios
diplomáticos norte-americanos e círculos acadêmicos estudiosos da
realidade cubana, a ponto de ter sido impossível obter um comentário
identificado.
Uma das fontes consultadas adiantou ao Opera
Mundi que, “dentro de um marco absolutamente especulativo”, este
poderia ser um caso clássico de espionagem por ideologia. “Pela
idade que eles têm, parece-me que poderíamos estar perante dois
velhos comunistas que nunca revelaram a ninguém seu pensamento”,
disse a fonte.
Em 2005, a analista principal de assuntos
cubanos da Agencia de Informações do Departamento de Defesa, Ana
Belém Montes, foi condenada a 25 anos de prisão depois que admitiu
espionar para Cuba. Se a acusação for verificada, a pena para
Walter e Gwendolyn Myers pode chegar a 35 anos de prisão.
Neste
momento cinco cubanos cumprem penas de prisão entre cadeia perpétua
e 15 anos, por espionarem para a ilha. Os cinco são considerados em
Cuba como heróis nacionais e sua libertação é uma das maiores
batalhas diplomáticas de Havana.
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