Centenas de jornalistas protestaram esse final de semana no México contra a violência e intimidação aos profissionais de imprensa, dois dias antes da visita ao país de relatores sobre liberdade de expressão da ONU e da OEA (Organização dos Estados Americanos). Foram realizadas manifestações em 14 cidades, com exigências às autoridades de ações diante da crescente violência contra jornalistas.
O protesto serviu também para pedir unidade entre os jornalistas e para condenar a falta de avanços na investigação de 64 assassinatos e 11 desaparecimentos ocorridos no país desde 2000, e para contestar o recrudescimento da violência contra os profissionais de imprensa por parte do crime organizado.
Efe
Protesto de jornalistas contra a criminalidade na Cidade do México
Os organizadores lembraram que o México é “o país mais perigoso do continente (americano) para exercer o jornalismo”, mas não houve uma “atuação urgente do Estado mexicano, dos governos e das autoridades judiciais, federais e estaduais” para conter as agressões. “Pelo menos seis meios de comunicação (jornais, televisões, revistas) foram alvo de balas e granadas, ameaças de bomba e tentativa de incêndio” criminoso, o dobro que em 2009, o que estendeu em muitos deles a autocensura, especialmente no norte.
O presidente Felipe Calderón iniciou em 2006 uma estratégia de combate frontal ao crime organizado, que provocou uma onda de violência em boa parte do país, da qual foram vítimas mais 28 mil pessoas, entre as quais há cada vez mais jornalistas.
“Estamos protestando para exigir uma investigação exaustiva sobre o paradeiro de colegas desaparecidos”, disse em Monterrey, norte do país, Jesús Oscar González, presidente da associação de jornalistas José Alvarado. “É tempo de lutar por nossas causas. Sempre fizemos pelas causas sociais, mas quando são as nossas não o fazemos”, acrescentou González ao final de uma passeata que protagonizada por mais de 60 jornalistas.
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Na capital mexicana, cerca de 500 jornalistas protestaram em silêncio, mostrando cartazes com os dizeres “Sem jornalistas não há informação” e fotografias de colegas assassinados, em uma mobilização pacífica que terminou diante da Secretaria de governo (Interior).
Justiça
Eles lembraram que a Procuradoria Federal para Crimes contra Jornalistas ganhou “a desconfiança do sindicato”, pois “em quatro anos exerceu ação penal em três dos 88 casos atendidos” e só apresentou à Justiça 3,4% dos processos que abriu.
“Da justiça, os jornalistas mexicanos só receberam impunidade, porque os crimes não são esclarecidos. Também violência, pois as autoridades federais e locais, civis, policiais e militares são as primeiras envolvidas nas agressões, segundo todos os relatórios das organizações de defesa da liberdade de expressão”, indicaram os organizadores em nota.
A alta comissária adjunta de Direitos Humanos das Nações Unidas, Kyung-wha Kang, quem se encontra de visita ao México, explicou à Agência Efe que as autoridades do país “deveriam iniciar um mecanismo de proteção ao qual os jornalistas possam recorrer imediatamente quando estiverem ameaçados”.
A convite do governo mexicano, OEA E ONU permanecerão no país até 24 de agosto. Está previsto que Botero e La Rue tenham 40 reuniões com atores governamentais e ONGs, e que, ao término da visita, emitam “um relatório com recomendações” em matéria de liberdade de expressão.
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*Com agências
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