O ministro de Relações Exteriores chileno, Heraldo Muñoz, rechaçou qualquer possibilidade de que o Chile entregue uma saída soberana ao mar para a Bolívia, como reivindicado pelo presidente Evo Morales no Tribunal de Haia. Em entrevista à CNN Chile, na noite desta quinta-feira (24/04), Muñoz afirmou que as portas para esta negociação “estão fechadas para sempre”. A declaração contundente do ministro contrasta com a posição cautelosa da presidente Michelle Bachelet, que evita opinar sobre o tema.
Agência Efe
Presidente do Chile, Michelle Bachelet, recebeu do chanceler, Heraldo Muñoz, a memória jurídica da Bolívia, no último dia 17
O ministro, que participou do governo do ex-presidente Salvador Allende e é co-fundador do Partido pela Democracia (PPD), ressaltou que a presidente considera necessário manter uma relação “inteligente” com a Bolívia e acrescentou que a seu ver, trata-se de buscar uma “relação o mais proveitosa possível”, com “integração econômica, física, cultural, técnica, turística” e que o Chile buscará cooperar com o país vizinho independentemente da reivindicação em Haia.
No último dia 15 de abril, o presidente Evo Morales apresentou à Corte Internacional de Justiça (CIJ) a memória jurídica da Bolívia como forma de garantir que o Chile reabra os diálogos em torno da reivindicação do país por uma saída soberana para o Oceano Pacífico.
Muñoz afirmou que de acordo com a posição sustentada pelo Chile, “a Bolívia não tem direitos”, portanto a demanda “será muito longa e onerosa para ambas as partes e possivelmente improdutiva” porque não chegará ao objetivo almejado pelo país mediterrâneo.
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“A Bolívia está pedindo que [a CIJ] obrigue o Chile a negociar um acesso marítimo soberano, o que quer dizer concessão de território e temos bons argumentos contra isso”, garantiu o chanceler.
Com relação a prazos, o ministro afirmou que a memória boliviana será analisada junto com a presidenta chilena para ver os critérios e decidir um posicionamento. A expectativa é que este processo ocorra em 90 dias. O país também poderá apresentar uma contra memória até 18 de fevereiro de 2015.
Chile e Bolívia não possuem relações diplomáticas desde 1978. Houve uma tentativa de aproximação durante o primeiro mandato de Bachelet (2006-2010), que não teve continuidade durante o governo de Sabastián Piñera (2010/2014) . Sobre a questão, Muñoz afirmou que a retomada dos diálogos deve ser “produto de um processo. Há uma relação complexa, admitiu antes de concluir: “oxalá possamos enfocar as relações com a Bolívia em um sentido construtivo”.
Até o momento, o governo boliviano não se manifestou sobre as declarações. Nesta quinta-feira (24/04), o agente boliviano em Haia, Eduardo Rodríguez Veltzé, declarou que seu país vai enfrentar a espera por uma resposta ou contra memória chilena com “unidade, solidez e responsabilidade diante deste empreendimento tão importante”.