Atualizada às 19h27.
Agência Efe (16/04)
O ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Elías Jaua, protestou nesta segunda-feira (22/04) contra as declarações da secretária adjunta dos Estados Unidos para a América Latina, Roberta Jacobson.
Um dia antes, ela havia afirmado que “metade dos venezuelanos não confiava no resultado” da eleição presidencial ocorrida no último dia 14 e que uma recontagem dos votos possibilitaria “resolver a divisão” do país.
Entrevistada pela emissora CNN em espanhol, a norte-americana foi questionada sobre se os EUA aplicariam sanções à Venezuela no caso de não haver uma recontagem dos votos. “Não podemos dizer se vamos implementar sanções ou não”, respondeu. Segundo ela, “metade dos venezuelanos não tem confiança no resultado da última eleição”.
Jacobson afirmou ainda que o pedido de recontagem dos votos “não significa que haja alguma coisa suspeita ou não, mas seria melhor se houvesse um processo em que todos possam ter confiança nos resultados”, disse, de acordo com a agência AFP, em consonância com o pedido do candidato opositor Henrique Capriles, que afirmou que não reconhecerá a vitória do presidente Nicolás Maduro até que todos os votos sejam recontados.
O chanceler venezuelano, por sua vez, disse à multiestatal Telesur que seu país não aceitará “ameaças de nenhum império (…) muito menos de um decadente como os Estados Unidos”. “Na Venezuela não haverá recontagem de votos porque o voto é eletrônico e é um dos melhores sistemas eleitorais do mundo, como disse o próprio [ex-presidente dos EUA] Jimmy Carter”, afirmou.
“Lembro que em sua declaração [Carter] disse que o sistema eleitoral dos Estados Unidos é um dos piores, questionado internamente e por especialistas em sistemas eleitorais (…) e deixa muitas suspeitas quanto aos resultados”, criticou, expressando que o governo do país norte-americano “não ache que vai encontrar no governo de Nicolás Maduro o mais mínimo resquício de fraqueza”.
Agência Efe
Protesto realizado neste domingo em Miami reuniu dezenas de pessoas pedindo recontagem de votos na Venezuela
O ministro rechaçou “de maneira categórica” as declarações, que qualificou como “inaceitáveis”, e que segundo ele já tiveram um precedente: “Ela disse ao jornal El País que seu candidato era Capriles”, disse, afirmando que a declaração é “ingerencista, grosseira e que supõem consequências”.
Para Jaua, a declaração da secretária norte-americana, que abre a possibilidade para sanções, é “grave”. “O presidente [Nicolás Maduro] me deu orientações para responder a estas ameaças”, disse, agregando que o país responderá com “reciprocidade”. Segundo ele, no caso de medidas neste sentido, o país tomará ações “econômicas, políticas, sociais e diplomáticas para defender a vontade do povo venezuelano”, disse, sobre a relação com os Estados Unidos.
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O chanceler pediu ainda que o país norte-americano e seu Departamento de Estado não se intrometam em questões internas da Venezuela, já que “encontraram a mais firme resposta do governo bolivariano”. Jaua ressaltou que, com o reconhecimento do resultado eleitoral por dezenas de presidentes ao redor do mundo, o discurso “ingerencista” dos EUA “não contam com o apoio de nenhum país”.
Segundo ele, Henrique Capriles responde a interesses do país norte-americano e quis “levar a Venezuela a um confronto civil”. O chanceler também responsabilizou os EUA pelos crimes cometidos na última segunda-feira (15/04), quando pelo menos oito pessoas morreram e dezenas ficaram feridas.
Em coletiva de imprensa do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), a sub vice-presidente da Assembleia Nacional, Blanca Eekhout, também foi questionada acerca das declarações de Jacobson, ao que respondeu que os Estados Unidos não esperavam que os resultados eleitorais dessem a vitória a Maduro.
“Eles pensaram que este era um país de fácil intervenção”, disse, complementando que “nunca imaginaram que o povo derrotaria a direita, com todo seu poder econômico”. De acordo com ela, o triunfo de Maduro foi uma vitória “histórica e heroica” do povo venezuelano, que “derrotou o Departamento de Estado e todos os planos necrófilos da direita”.