O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, adotou uma série de medidas para enfrentar a crise econômica. Cortou o orçamento, aumentou o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) e aumentou o valor do salário mínimo. O anúncio foi feito ontem (21), em cadeia nacional, quando o presidente afirmou que a crise não afetará o país.
O orçamento deste ano foi cortado em 6,7%. Atrelado a esse corte, haverá um aumento de 9% para 12% do IVA, tributo indireto aplicado na compra de qualquer produto.
Chávez também prometeu “maior eficiência” na arrecadação do imposto. Ele justificou o aumento dessa forma: “Assim como na época em que o petróleo estava em alta decidimos reduzir o IVA de 15% para 9%, agora precisamos aumentá-lo, mas de uma forma prudente, em apenas 3%”.
O salário mínimo terá aumento de 20%, passando a valer 959 bolívares – 446 dólares na taxa de câmbio oficial e quase um terço no mercado paralelo. O reajuste vai beneficiar mais de 2,5 milhões de venezuelanos. Chávez, que já tinha aumentado o salário no ano passado, em 30%, disse que o valor é “o mais alto da América Latina”.
O presidente descartou desvalorizar a moeda, que tem seu valor controlado pelo governo, e desde 2005 mantém uma paridade oficial de 2,15 bolívares por dólar. Na sexta-feira, no entanto, o dólar chegava a 6 bolívares no mercado paralelo.
Apesar da recomendação de vários economistas, o governante também disse que não aumentará o preço da gasolina (quatro centavos de dólar), que permanece igual há dez anos. “No momento, como se sabe, a gasolina venezuelana é a mais barata do mundo, não é momento para revisar (seu preço)”, declarou durante o discurso.
O aumento do preço da gasolina é um tabu na Venezuela desde o dia 27 de fevereiro de 1989, quando uma medida similar anunciada pelo então presidente Carlos Andrés Pérez provocou uma rebelião popular. No Caracazo (grande Caracas), como é lembrada a tragédia, mais de 400 pessoas morreram.
Orçamento
A respeito da redução do orçamento deste ano em aproximadamente 5 bilhões de dólares (11 bilhões de reais), principalmente devido a queda do preço do petróleo, Chávez disse que exigirá “uma estrita execução da despesa (pública)”.
O presidente disse que decretará a imediata eliminação de qualquer despesa “suntuosa” em seu governo, o que incluiria veículos de executivos, remodelação de mobílias, novas sedes, propaganda e, inclusive, “presentes corporativos e missões não necessárias de funcionários ao exterior”.
Calculado previamente em 167 bilhões de bolívares (174 bilhões de reais), o orçamento será reduzido para 156 bilhões de bolívares ou 164 bilhões de reais. O orçamento foi montado com o petróleo valendo 60 dólares (136 reais). Com a recessão mundial, esta previsão ficou obsoleta – o preço da commoditie atingiu 45 dólares (100 reais). Em julho, no auge do preço do petróleo, o barril chegou a ser cotado em 137 dólares (310 reais).
Embora tenha admitido que seu país foi afetado pela crise internacional devido à queda do preço do petróleo, sua principal fonte de renda, Chávez alegou que “se aqui não houvesse um Governo revolucionário… salve-se quem puder!”.
“A crise capitalista não vai colocar abaixo a revolução bolivariana, mas irá fortalecê-la”,declarou o presidente a respeito da crise.
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