O presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta sexta-feira (15/03) no discurso de encerramento da cerimônia de despedida do corpo de Hugo Chávez, que o presidente venezuelano, morto no último 5 de março, estará sempre à frente das grandes causas do país, da América Latina e do Caribe.
Ele prometeu voltar dentro de um mês exatamente juro que voltará, um dia após a eleição presidencial, a qual concorrerá, “com meus companheiros e companheiras, com seus filhos, (…) vamos amanhecer aqui, comandante, após a decisão do povo. Só peço a Deus que ilumine o nosso povo e nos dê força para cumprir suas ordens”.
Agência Efe
Governador de Barinas e irmão do presidente Chávez, Adán discursa ao lado de Maduro e Evo Morales
Entre os muitos elogios que fez ao presidente, Maduro destacou o desapego de Chávez com os bens materiais, comparando o falecido presidente com Jesus Cristo e Simón Bolívar. “E nós temos que jurar o desapego absoluto aos bens materiais e à riqueza, que apodrece a alma dos homens bons que esta pátria teve em sua história”, exclamou.
Em seu discurso, Maduro dividiu a vida de Chávez em quatro períodos: desde seu nascimento, em Sabaneta de Barinas em 28 de julho de 1954 até o dia 8 de agosto de 1971, quando ingressou na Academia Militar Venezuelana, onde seu corpo foi velado anteriormente; de lá até a rebelião de 4 de fevereiro de 1992, quando, então tente-coronel, liderou a rebelião militar e popular contra as medidas neoliberais do governo – ato considerado por Maduro a revolta mais importante desde a independência, em 1810. De lá, passando por seu período como presidente desde 199, até o dia de sua morte. E, desde então, “para a eternidade”.
O presidente interino se emocionou em seu discurso e pediu “força”, “luz” e “bênção” para não falhar nesta vida. “Comandante vá em paz, aqui estamos seus filhos, suas filhas, vá em paz, missão cumprida comandante, amplamente cumprida”, afirmou.
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No discurso, Maduro exigiu que os setores da direita e de oposição ao chavismo “cessem o ódio e o rancor”. “Aqueles que odeiam e celebram a morte nós, em nome de Cristo, os chamamos para que cessem seu ódio e seu rancor. Basta de tanto ódio, tanta mentira, tanta hipocrisia. Que reine o amor dos guerreiros”, disse, classificando-o de fundadopr de uma nova pátria – eterna e bolivariana.
Libertação dos povos
O presidente da Bolívia, Evo Morales, também discursou na cerimônia, e destacou que Chávez, a quem classificou como “redentor dos pobres” deixa a missão de libertar os povos da América Latina.
“Hugo nos deixa uma grande tarefa, uma missão, cuja meta é a liberação de nossos povos. Esse pensamento, proveniente do sofrimento, nunca será esquecido porque estamos vendo agora o sentimento do mundo para com nosso irmão. Concluo que depois de Simón Bolívar, libertador da pátria grande, tivemos Hugo Chávez como redentor dos pobres do mundo. (…) Estou seguro que ele nunca nos abandonará e seguirá sendo nossa fonte de inspiração”, afirmou.
Morales também lembrou de passagens de sua convivência com Chávez para contestar a versão de opositores que o chamavam de “ditador”: “Quantas vezes debatemos sobre propostas e iniciativas para a região. Toda vez que eu fazia alguma proposta, ele pensava e, quando concordava dizia: ‘índio sábio!’. Nunca impôs critérios, sempre aceitava argumentos, disso nunca esquecerei”.
Cerimônia
O corpo de Hugo Chávez foi transportado para o Quartel da Montanha, após dez dias de homenagem ininterruptas realizada na Academia Militar de Caracas. O trajeto de quase duas horas e 18 quilômetros, foi acompanhado por uma multidão.
O local escolhido para o memorial tem grande significado histórico para os venezuelanos, tanto por ser onde Chávez comandou a rebelião em 1992, como pela importância do 23 de Janeiro – um bairro conhecido por resistir a governos repressores e por reunir forte apoio ao presidente.
Desde no último dia 6, o corpo de Chávez foi velado na Academia Militar de Caracas para que milhares de pessoas pudessem dar o seu último adeus ao líder. Para o lugar de Chávez, uma nova eleição presidencial foi marcada para abril, e terá como principais concorrentes Maduro e o líder da coligação oposicionista MUD (Mesa da Unidade Democrática), Henrique Capriles.