A cidade alemã de Hamburgo entrou em acordo com representantes da comunidade islâmica local e acertou, entre outras medidas, a inclusão de feriados religiosos muçulmanos em seu calendário oficial. A iniciativa é pioneira na Alemanha.
Com o acordo, a partir de 2013, trabalhadores e estudantes muçulmanos terão folga nos dias considerados sagrados pelos religiosos. A comunidade reivindicava que era obrigada a folgar apenas em datas cristãs. As autoridades esperam que as medidas contribuam para uma melhor integração da minoria religiosa na cidade.
Além disso, o acordo regulamenta o ensino do islã nas escolas religiosas da cidade, já que a Constituição alemã prevê que o ensino religioso deverá ser dado “em adequação ao princípio das comunidades religiosas”. Como até então a comunidade muçulmana não tinha um representante oficial único, não tinha como ser representada. Agora, o comando municipal passou a reconhecer três associações islâmicas que os permitirá participar, ao lado de representantes de outras religiões, das recomendações de ensino para instituições religiosas.
De acordo com a medida, os trabalhadores não serão mais obrigados a trabalhar em um feriado islâmico, desde que tirem um dia de suas férias para recuperar o dia perdido. Os alunos poderão ser dispensados do dia de aula.
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As negociações entre a comunidade e o governo da região (Hamburgo é considerada uma cidade com status de Estado na Alemanha, assim como Berlim e Bremen) duraram cinco anos e, além dos direitos, foram também estabelecidos deveres para que os muçulmanos, como a tolerância religiosa e a igualdade entre os sexos.
Alguns pontos do acordo prometem gerar certa polêmica, no entanto: não há qualquer menção no acordo sobre autorização ou restrição do uso de véus islâmicos femininos, creches islâmicas continuam proibidas, estudantes não muçulmanos irão ter aulas sobre o islã incluídas no currículo das escolas públicas – o que não significa que terão que ler o corão ou serem submetidos a qualquer doutrina.
Daniel Abdin, do conselho de comunidades islâmicas de Hamburgo, disse ter a expectativa de que o mesmo ocorra em outras cidades. “Este acordo é um passo importante para o reconhecimento do Islã em nosso país”, afirmou.
Dos 82 milhões de habitantes na Alemanha, 4 milhões são muçulmanos. Metade dessa população tem cidadania alemã e cerca de 130 mil se encontram em Hamburgo, segunda maior cidade do país, com 1,7 milhão de habitantes.
A comunidade alevita, de uma corrente considerada mais ortodoxa e que tem 50 mil pessoas morando na cidade, felicitou a medida dizendo que eles possuem mais direitos em Hamburgo do que na Turquia, onde está concentrada a maioria dos seguidores dessa doutrina.