A jornalista colombiana Claudia Julieta Duque presta depoimento nesta terça-feira (01/03) em Bogotá no julgamento de três ex-agentes de alto escalão do serviço de inteligência da Colômbia, acusados de submetê-la a tortura psicológica. É o primeiro de três dias de audiências.
Reprodução/Twitter
Em 2015, Tribunal Superior de Bogotá afirmou que violações a direitos humanos causaram “sofrimento incomensurável” a Duque
No caso, as acusações estão sendo investigadas como crimes cometidos pelo Estado, durante o período em que o país era presidido por Álvaro Uribe (2002-2010). Duque denunciou em 1999 a participação de agentes do DAS (Departamento Administrativo de Segurança), antiga agência de inteligência do governo colombiano, no assassinato do humorista e jornalista Jaime Garzón, que ocorreu no mesmo ano.
“Durante mais de 12 anos, tenho esperado por este momento: contar para um juiz, em uma audiência pública, o que tem significado para mim, para minha família, para o jornalismo colombiano e para a defesa dos direitos humanos deste país as torturas infligidas pelo DAS e o silenciamento que eles me causaram”, disse a jornalista em carta aberta.
Em 2011, Duque foi reconhecida pela Justiça como vítima de tortura psicológica. Em 2012, ela acusou Uribe de calúnia e injúria, porém não foi aberta uma investigação contra o ex-presidente e atual senador.
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Duque recebe o apoio formal de organizações ligadas aos direitos humanos e à liberdade de expressão, inclusive a ONG internacional Repórteres Sem Fronteiras.
Ahora en Rueda de Prensa de Claudia Julieta Duque a propósito de su caso por tortura psicológica. pic.twitter.com/ufhUh127cn
— FLIP (@FLIP_org) 1 de março de 2016
Na última sexta-feira (26/02), a Justiça colombiana emitiu ordem de captura internacional contra Giancarlo Auqué Silvestri, ex-diretor do DAS, após pedido feito por advogados de Duque. A defesa da jornalista desejava que a Interpol emitisse uma circular contra o ex-diretor.
Silvestri foi condenado em setembro de 2014 por participar do esquema de gravações ilegais de políticos e jornalistas. Após ter obtido liberdade em abril do ano passado, Silvestri tem o paradeiro desconhecido pela Justiça. Ele não compareceu a audiências sobre o caso de tortura psicológica da jornalista.
Na semana passada, 25 deputados do Parlamento europeu assinaram uma carta que foi entregue ao presidente colombiano, Juan Manuel Santos, na qual pediram garantias para que o processo transcorra com segurança. O grupo exigiu ainda que sejam investigados “todos os atos de intimidação, perseguição ilegal e outras agressões denunciadas” por Duque.