Após quatro anos de ausência e de dependência de auxílio internacional, a Grécia retornou “bem-sucedida” nesta quinta-feira (10/04) aos mercados financeiros. Em 2014, a economia local está prevista para crescer pela primeira vez em seis anos. O surpreendente êxito animou os ânimos do país após um carro-bomba com 75 quilos de explosivos explodir na manhã desta quinta em frente ao Banco da Grécia, no centro de Atenas. Segundo a polícia, o ataque resultou em danos materiais, mas não provocou vítimas.
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O comissário europeu de Competência, Joaquim Almunia (esq.) saúda o ministro das Finanças grego, Yannis Stournaras nesta quinta
A entrada da Grécia aos mercados internacionais foi marcada pela venda de € 3 bilhões de euros (R$ 9 bi) em títulos públicos de cinco anos, a uma taxa de juros de 4,75% ao ano. Em comunicado, o Ministério das Finanças grego descreveu a demanda pelos ativos foi “muito forte”.
O primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, declarou-se satisfeito com o retorno de seu país aos mercados de capitais, mas advertiu que “ainda há um longo caminho pela frente”. Já o vice-primeiro-ministro, Evangelos Venizelos, classificou a medida como “um enorme sucesso”, informando que a procura superou em oito vezes a oferta.
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Para o vice-presidente Comissão Europeia, Siim Kallas, o leilão realizado pelo governo grego é um “sinal importante” de que a economia grega está reconquistando a confiança dos investidores. “Para manter o acesso sustentável aos mercados, é crucial que Atenas continue a respeitar as metas de balanço e prossiga com as reformas”.
O FMI (Fundo Monetário Internacional) também elogiou o sucesso da Grécia ao mercado de capitais. “Temos a indicação de que a Grécia caminha na direção correta”, declarou diretora-gerente, Christine Lagarde, em Washington. “O retorno aos mercados é o objetivo de todos os planos do FMI”, acrescentou.
Efe
Local onde bomba explodiu nas redondezas do Banco da Grécia, centro de Atenas: prédio é ocupado por representantes de credores
Desafios
Entretanto, o país ainda está longe de uma recuperação plena, tendo em vista índices como a sua alta taxa de desemprego que atinge 26,7% da população. No fim de 2009, a Grécia foi a primeira vítima da crise na zona do euro. Na ocasião, o governo precisou recorrer a pacotes financeiros que totalizaram € 240 bilhões (R$ 732 bi) da UE (União Europeia), do BCE (Banco Central Europeu) e do FMI.
Para conseguir tais empréstimos, Atenas teve de se submeter a duras medidas de austeridade e cortes de gastos, resultando em um crescente descontentamento da população. Na quarta (09/04), uma greve geral foi realizada, afetando todo o setor de transporte e particularmente as escolas, farmácias, administração pública e hospitais – operantes apenas em casos de emergência.
Efe
Mais de 20 mil trabalhadores, aposentados, estudantes e desempregados marcham do centro de Atenas até a sede do parlamento
Mais de 20 mil trabalhadores, aposentados, estudantes e desempregados marcharam do centro de Atenas até a Praça Syntagma, na sede do parlamento. Segundo a Reuters, os manifestantes entoavam as palavras de ordem: “UE, FMI peguem o resgate e deem o fora daqui!”. De acordo com as centrais sindicais, a mensagem antiausteridade também visava atingir a chefe de Estado e chanceler alemã, Angela Merkel, que se reunirá com o premiê Samaras, na capital grega, nesta sexta-feira (11/04).