Após mais de 8.000 refugiados entrarem na Hungria por meio de ônibus enviados pelo governo da Croácia na sexta-feira (18/09), os dois países trocaram acusações neste sábado (19/09) sobre o acolhimento das milhares de pessoas que buscam entrar na UE (União Europeia).
“A Croácia renunciou à cooperação com a Hungria e com toda a União Europeia”, declarou o ministro das Relações Exteriores húngaro, Péter Szijjártó, durante entrevista a jornalistas nesta tarde. Segundo ele, Zagreb “está decepcionando” a UE e “tem deixado de lado” os compromissos legais do bloco.
Ontem, Szijjártó já havia dito, em nota, que o governo croata estaria incentivando os refugiados a cruzarem a fronteira com a Hungria, o que é considerado crime de acordo com uma nova lei húngara que entrou em vigor na última terça-feira (15/09).
Agência Efe
Milhares de refugiados entraram na Hungria após serem enviados pelo governo croata em ônibus e trens
Em resposta, o primeiro-ministro croata, Zoran Milanović, afirmou que seu país ajudará os refugiados, dando comida, água e atendimento médico antes de deixá-los seguir ao destino que desejarem. O premiê disse que não interromperá o envio de ônibus para a Hungria.
“Não houve acordo. Nós os forçamos, ao enviar pessoas para lá, e vamos continuar a fazer isso”, explicou Milanović durante entrevista em Beli Manastir, cidade de onde refugiados têm partido em ônibus e trens com destino à Hungria.
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Ao menos 17 mil refugiados entraram na Croácia nos últimos dias, após a Hungria erguer uma cerca com arame farpado nos 175 km da fronteira com a Sérvia, que era tida como a porta de entrada para a União Europeia.
Nos últimos dias, policiais húngaros utilizaram gás lacrimogêneo e jatos de água contra os refugiados. O governo liderado pelo conservador, Viktor Orbán, ainda ordenou a construção de outro muro, de cerca de 40 quilômetros, na fronteira com o território croata.
A ministra das Relações Exteriores da Croácia, Vesna Pusić, se referiu às cercas construídas pela Hungria como “ironia da História”, ao lembrar que, há algumas décadas, Budapeste se encontrava do outro lado da chamada Cortina de Ferro.
Agência Efe
Refugiados foram impedidos de entrar na Eslovênia, que faz parte da área Schengen, pelas forças policiais
Eslovênia
Milhares de refugiados tentaram entrar na Eslovênia, que se localiza ao norte da Croácia, com destino aos países mais ricos da União Europeia, como Alemanha e Suécia. Na noite de sexta-feira, o governo esloveno usou forças policiais para impedir a entrada de refugiados na fronteira croata, fazendo uso até de gás lacrimogêneo.
O governo esloveno anunciou hoje que está disposto a receber até 10 mil refugiados. Ao contrário da Croácia, a Eslovênia e a Hungria fazem parte do espaço Schengen – zona europeia de livre trânsito entre as fronteiras internas.
Áustria
Cerca de 1.500 refugiados que vieram da Croácia conseguiram entrar na Eslovênia desde na quarta-feira, enquanto as primeiras centenas deles cruzaram na tarde deste sábado a fronteira eslovena-austríaca.
Já na divisa húngara-austríaca, por volta de 6.700 refugiados chegaram à Áustria. Segundo o porta-voz da polícia austríaca Helmut Marban, as pessoas estão sendo atendidas pela Cruz Vermelha e por soldados do Exército.