A África do Sul realizou nesta quarta-feira (19/06) a cerimônia de posse de Cyril Ramaphosa, em seu segundo mandato como presidente do país.
Sua continuidade no governo foi possível graças a uma aliança do seu partido de centro-esquerda, o Congresso Nacional Africano (CNA), com a Aliança Democrática (AD), de direita liberal.
A coalizão foi marcada por polêmica, já que o CNA é o partido fundado pelo líder antiapartheid Nelson Mandela, enquanto a AD é associada à minoria branca do país.
“Afirmamos nossa determinação de construir uma sociedade mais igualitária e solidária. Nosso objetivo é construir uma economia dinâmica e inclusiva, que ofereça oportunidades e meios de subsistência a todas as pessoas, além de trabalhar pela renovação democrática e pela transformação social, para que ninguém seja deixado para trás”, afirmou Ramaphosa, durante seu discurso de posse.
Hegemonia diminuída
Vale acrescentar que o CNA venceu todas as eleições na África do Sul desde o fim do regime do apartheid – a primeira, inclusive, sob a liderança do próprio Mandela, em 1994.
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Novo mandato de Cyril Ramaphosa deve durar até 2029
Apesar de o cargo majoritário ser de “presidente”, a forma de eleição é através de um sistema parlamentarista. Em todos os anteriores pleitos pós-apartheid, o CNA conseguiu maioria absoluta, ou seja, obteve mais de 50% das vagas no parlamento local, o que permitiu ao partido governar sozinho.
Nas eleições de maio deste ano, pela primeira vez, a legenda governista foi obrigada a formar um governo de coalizão, já que alcançou 40,9% dos votos.
Curiosamente, o setor escolhido para formar essa coalizão foi o da AD, identificado com a minoria branca sul-africana e defensor de políticas liberais e de direita. O partido teve 21,8% sob a liderança de John Steenhuisen.
O CNA tinha duas outras opções para formar essa coalizão, embora elas pudessem gerar tensões, já que são dois partidos dissidentes da própria sigla: o uMkhonto we Sizwe (MK, por sua sigla em idioma zulu), de centro-esquerda, que ficou com 14,9% e o Lutadores pela Liberdade Econômica (LLE), de esquerda radical marxista-leninista, que obteve 9,5%.
“A formação do governo de unidade nacional é um momento de profunda importância e marca o início de uma nova era. Este é um momento em que devemos escolher entre avançar juntos ou arriscar perder tudo o que construímos”, ressaltou Ramaphosa, em outro trecho do seu discurso durante o evento.