O vice-cônsul do Brasil no México, João Zaidan, viajou hoje (26/8) com uma delegação consular em uma aeronave disponibilizada
pelo governo mexicano e que também levava diplomatas dos outros países
de origem dos imigrantes mortos – El Salvador, Honduras e Equador – para
verificar a nacionalidade das vítimas e o andamento das investigações sobre a chacina de 72 imigrantes em San Fernando. Ao menos quatro brasileiros foram mortos.
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Após serem alertados pelo único sobrevivente, um equatoriano de 18 anos alvejado por uma bala no pescoço, as autoridades mexicanas encontraram 72 corpos de imigrantes ilegais em um rancho da cidade, que fica no Estado de Tamaulipas, na fronteira com os Estados Unidos.
Efe
Imagem cedida pela Marinha mexicana mostra armazém onde os corpos dos 72 imigrantes foram encontrados
“Por aqui, estão falando que agiram tão friamente que foram eliminando um a um”, disse Zaidan ao jornal O Globo, por telefone, sobre os supostos autores do massacre, integrantes do cartel de drogas Los Zetas, acrescentando que não foram divulgadas as identidades dos brasileiros que teriam sido mortos.
O cônsul-geral do Brasil no México, Márcio Lage, disse em entrevista à Folha.com que não descarta que o número de brasileiros mortos aumente uma vez que todos os cadáveres sejam identificados.
Sobrevivente
O único imigrantes que conseguiu sobreviver ao massacre em Tamaulipas é Luis Freddy Lala Pomavilla, um agricultor equatoriano de 18 anos que desejava encontrar os pais nos Estados Unidos, onde vivem ilegalmente.
A esposa de Freddy, Angelita Lala está grávida de quatro meses e contou que o marido adquiriu uma dívida de 11 mil dólares após pagar coiotes que o levariam até os EUA. O rapaz fez contato com a família no México, dizendo que precisava de mais dinheiro para atravessar a fronteira – eles recebeu somente mil dólares.
Tamaulipas é rota de passagem de grupos de imigrantes em direção aos EUA. Lá também é cenário de fortes disputas entre o cartel de traficantes de drogas do Golfo e seus antigos aliados, Los Zetas, liderados por soldados de elite desertores, acusados pelas autoridades de cometer diversos massacres e de realizar sequestros em massa.
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Odisséia
A maioria dos imigrantes latinos em busca do sonho americano percorre um perigoso trajeto até a fronteira entre o México e os EUA. De acordo com Instituto Nacional de Imigração do México, cerca de 400 mil pessoas tentam a sorte todos os anos e muitos ficam pelo caminho.
O primeiro passo é cruzar o limite com a Guatemala a nado ou de balsa pelo rio Suchiate. Depois, grupos seguem até a cidade mexicana de Arriaga, no estado de Chiapas, onde todos esperam pela “Besta”, ou como são conhecidos os trens de carga que cortam o México. Os imigrantes se posicionam no teto dos vagões e passam por diversos apuros ao longo do trajeto – há aqueles que caem dos veículos em movimento ou que são abordados por criminosos.
A última etapa é a temida fronteira com os EUA. Grande parte dos latino-americanos atravessa pelo estado de Baixa Califórnia, oeste mexicano e pagam até 1,5 mil dólares para serem auxiliados por coiotes. Com cinco mil dólares é possível cruzar a fronteira do modo mais fácil e seguro: de carro
Mapa mostra o trajeto feito por Freddy de seua cidade no Equador até Tamaulipas
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