Os autores da ação que reabriu as investigações sobre a morte do ex-presidente chileno Salvador Allende (1970-1972) divulgaram nesta quarta-feira (13/07) os nomes dos pilotos que teriam
bombardeado La Moneda durante o golpe liderado por Augusto Pinochet em
1973.
Em entrevista coletiva, o advogado Roberto Ávila declarou que os pilotos seriam Mario López Tobar, Fernando Rojas Vender, Enrique Montealegre Julliá, Gustavo Leigh Yates e Eitel von Müllenbrock, todos eles oficiais da Fach (Força Aérea do Chile).
Leigh Yates era filho do general Gustavo Leigh, chefe da Fach e que após o êxito do golpe integrou a Junta Militar liderada por Pinochet. Já Rojas Vender anos depois chegou ao posto máximo da aviação militar.
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O único que até agora foi confirmado como um dos pilotos é López Tobar, que nos anos 1990 publicou um livro sobre o episódio, mas manteve em sigilo os nomes de seus companheiros.
O juiz a cargo do caso, Mario Carroza, tentou obter os nomes por meios oficiais, mas tanto a Fach como o governo responderam que a informação não existia.
O julgamento pela morte de Allende, cujo corpo foi exumado em maio por ordem do juiz e está submetido à perícia para determinar a causa de sua morte, corresponde a uma das 720 queixas apresentadas à Justiça por casos de eventuais violações dos direitos humanos que nunca foram investigadas.
Ávila, que estava acompanhado por dirigentes do movimento Socialista Allendista, disse que o juiz Carroza ainda não chegou a nenhuma conclusão a respeito dos pilotos, mas afirmou ter “convicção” de que se trata dos nomeados, com base nos antecedentes do processo.
Polêmica
Os questionamentos com relação às identidades dos pilotos surgiu há algumas semanas quando em uma reportagem da revista “Qué Pasa” o general reformado Fernando Matthei, que sucedeu Leigh na chefia da Fach, insinuou que na instituição houve “um pacto de silêncio” para manter os nomes em segredo.
Por conta da publicação, o juiz Carroza convocou Fernando Matthei, que negou saber os nomes e sustentou que suas palavras sobre o pacto foram tiradas de contexto.
O ministro da Defesa chileno, Andrés Allamand, opinou sobre o assunto, e afirmou que a Força Aérea não tem a lista dos pilotos que tripularam os caças-bombardeiros Hawker Hunter que atacaram e incendiaram a sede do governo chileno, onde Salvador Allende se encontrava.
Reação
Os dirigentes do movimento Socialista Allendista qualificaram as palavras do ministro de “pouco críveis” e de “leviandade” e pediram ao governo que entregue à Justiça os nomes e todos os antecedentes do bombardeio.
Até agora, a versão mais divulgada e corroborada por testemunhas é que Salvador Allende se suicidou em seu escritório na sede presidencial, mas também circularam outras que indicam que foi morto pelos militares que atacaram La Moneda e há uma quem defenda que algum de seus colaboradores teria atirado no então presidente.
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