Um acordo para a formação de um novo governo de coalizão na Itália foi anunciado neste sábado (27/04) após meses de incerteza política. O primeiro-ministro apontado, Enrico Letta, anunciou o acordo após consultas entre seu Partido Democrático, de centro-esquerda, com o conservador Partido do Povo da Liberdade, do ex-premiê Silvio Berlusconi. As negociações duraram dois dias.
Efe
O presidente italiano, Giorgio Napolitano, cumprimenta o primeiro-ministro Enrico Letta após anúncio de formação do governo
O novo governo deverá tomar posse no domingo, terminando com o impasse vivido desde as eleições parlamentares de fevereiro, que não indicaram nenhum partido com maioria clara. Berlusconi ficará de fora, mas Angelino Alfano, secretário-geral de seu partido, será ministro do Interior e vice-presidente do Executivo. Além disso, alguns ministros do governo tecnocrata de Mario Monti foram mantidos.
De fora fica Pier Luigi Bersani, líder do PD, que falhou nas negociações para formar um governo capaz de ultrapassar com sucesso o voto de confiança, e a quem o presidente Giorgio Napolitano acabou deixando de fora, colocando sob responsabilidade seu número 2 a formação do governo.
Também não foi incluído o Movimento 5 Estrelas (M5S), do humorista Beppe Grillo. “Mais de oito milhões de italianos que deram o seu voto ao M5S ficam considerados intrusos, como cães na igreja”, reclamou o político essa semana.
Mulheres
Ao apresentar seu governo, Letta elogiou “o recorde de presença feminina e o rejuvenescimento da equipe”. De fato, várias figuras desconhecidas do pública fazem parte do novo governo. “Este era o único governo possível e sua formação não podia esperar”, comentou Napolitano. Várias mulheres foram indicadas pelo PdL, como Beatrice Lorenzin, ministra da Saúde, e Nunzia De Girolamo, ministra para a Política Agrícola. Ao todo, o partido terá cinco ministérios.
NULL
NULL
A pasta da Justiça, uma das cobiçadas, ficará nas mãos de Ana María Cancellieri, ministra do Interior de Monti. Pela primeira vez haverá um ministro negro na Itália, Cécile Kyenge, médica de 49 anos nascida no Congo, porta-voz do PD para a política de imigração na Emília Romana, será ministra da Integração. A pasta da Educação e da Ciência ficará também com uma mulher: Maria Chiara Carrozza (PD).
A pasta da Economia e Finanças foi entregue a Fabrizio Saccomanni, vice-governador do Banco de Itália. Será um dos rostos mais experientes num governo rejuvenescido, em que muitos dos ministros tem cerca de 40 anos.
Coalizão
Letta, de 46 anos, também aceitou oficialmente o papel de primeiro-ministro, como a Constituição requer, depois de forjar uma difícil coalizão entre seu PD e o partido de Berlusconi. Durante as últimas semanas, a esquerda se mostrou em várias ocasiões reticente em formar uma coalizão com Berlusconi. A esquerda tem a maioria absoluta da Câmara de Deputados, enquanto que o Senado, câmara sem a qual é impossível governar, está dividida em três blocos: PD, PDL e o M5S.
Depois do anúncio da formação do novo governo, Berlusconi disse ter “atuado a favor da constituição do governo sem impor condições e sem excluir pessoas que foram ministros em governos anteriores”. “Assim, contribuímos para formar um governo em pouco tempo”, enfatizou.
* Com informações da Agência Efe, AFP e Publico.pt