Efe
As críticas dos manifestantes egípcios se concentram no predomínio da Irmandade Muçulmana no governo e parlamento
Há dois anos, centenas de milhares de egípcios foram às ruas das principais cidades do país lutar pela derrubada do ditador Hosni Mubarak e iniciaram uma revolução popular. Hoje, esse aniversário é vivido em meio a um clima de tensão, marcado pelos protestos contra a Irmandade Muçulmana e o governo, além dos da crise econômica.
Os adversários do presidente Mohamed Mursi planejam fazer uma passeata nesta sexta-feira (25/01) até a praça Tahrir para expressar sua irritação com o novo líder islâmico e com seus apoiadores da Irmandade Muçulmana, a quem acusam de trair os objetivos da chamada Revolução de 25 de Janeiro.
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“Não vemos como uma celebração. Será uma nova onda revolucionária que irá mostrar à Irmandade que eles não estão sozinhos, que há outras forças que podem se erguer contra eles”, disse Ahmed Maher, fundador do grupo esquerdista 6 de Abril, que ajudou a mobilizar a rebelião por meio das redes sociais.
“Peço a todo o povo egípcio que celebre a ocasião do aniversário da revolução, que coincide com o nascimento do profeta, de uma maneira civilizada e pacífica para proteger nossa pátria, nossos espíritos, nossas ruas e todo nosso país”, afirmou Mursi.
Ele reconheceu que os resultados de seu trabalho não são totalmente satisfatórios e que ele mesmo espera uma melhora da situação de segurança no país e o fim da corrupção, entre outros objetivos. “Temos que respeitar as regras da democracia e condenamos a violência nas diferenças políticas”.
Imagens momentos após a renúncia de Mubarak, em 2011:
Nos últimos dias, as ruas do Cairo foram cenário de enfrentamentos entre manifestantes e policiais, que culminaram em dezenas de manifestantes feridos e detidos. O governo anunciou que mobilizará policiais para proteger edifícios públicos, delegacias, estações de trem, aeroportos, embaixadas e sedes do governo em todo o país.
Pobreza
As críticas dos manifestantes se concentram no predomínio da Irmandade Muçulmana no governo e parlamento, formação acusada de controlar as instituições para levar a cabo um programa político, desvinculado das necessidades da população e dos compromissos da revolução.
Além disso, a economia do país foi afetada notavelmente a um nível macroeconômico como consequência do impacto da Primavera Árabe em diversos setores, principalmente o turístico. A oposição denuncia ainda a inatividade do Executivo na luta contra a pobreza nas zonas rurais.
Políticos opositores pediram ao governo que, em vez de contrair um empréstimo de 4,8 bilhões de dólares do FMI (Fundo Monetário Internacional), recupere o dinheiro que teria sido desviado por Mubarak e modifique as leis de investimento para atrair capital estrangeiro.
“O que aconteceu nos últimos meses foi uma destruição do Estado e de suas instituições”, afirmou à Agência Efe o dirigente do Partido da Constituição, Emad Abu Ghazi, porta-voz da Frente de Salvação Nacional (FSN), a principal aliança opositora.
* Com informações da Agência Efe, France Presse e Reuters