O EI (Estado Islâmico) foi responsável pelo duplo atentado suicida que deixou 102 mortos em Ancara em 10 de outubro, informou nesta quarta-feira (28/10) a Promotoria da Turquia.
Segundo o Ministério da Justiça, o ataque — o pior do gênero na história do país — teve o objetivo de impossibilitar as eleições gerais previstas para 1 de novembro e “criar uma situação de caos e instabilidade” na nação.
EFE
Ontem, policiais turcos escoltam suspeito vinculado ao Estado Islâmico na província de Konya
“Dita organização (EI) tinha desenvolvido uma estrutura de modelo de células com centro em Gaziantep”, a maior cidade do sudeste da Turquia, não longe da fronteira síria, diz o comunicado. “Ficou evidente que este grupo de Gaziantep planificava ações em toda Turquia, recebendo instruções diretamente do Estado Islâmico na Síria”, acrescenta a nota.
De acordo com a Promotoria, também há “fortes indícios” de que o Estado Islâmico é responsável pelos ataques em Suruç, que deixou 34 ativistas da esquerda curda mortos, em junho.
Investigações
No dia 14 de outubro, a Promotoria da capital havia decretado a proibição temporária da divulgação de notícias relacionadas ao duplo atentado. Na ocasião, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ordenou uma investigação própria do incidente.
EFE
Situação caótica nas ruas da capital turca, Ancara, após atentado que matou mais de 100 em 10 de outubro
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Os opositores políticos de Erdogan, sobretudo os curdos, haviam pedido a renúncia forçada dos ministros do Interior e Justiça por negligência e criticaram a investigação do governo. O presidente não acatou.
Atentado
No dia 10 de outubro, duas pessoas se explodiram no meio de uma manifestação pela paz pró-curda.
Nos dias que se seguiram a população foi às ruas protestar contra a resposta dada pelo governo Erdogan, que colocou como suspeitos — além do Estado Islâmico — o PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos) e outra legenda curda de extrema-esquerda.
Para muitos manifestantes, Erdogan é o real culpado por ter supostos vínculos com o Estado Islâmico e por ter falhado em garantir a segurança do protesto.
“Estamos diante de um Estado que se converteu em máfia, assassino e matador em série”, declarou na ocasião o líder do partido turco de esquerda pró-curda HDP (Partido Democrático dos Povos), Selahattin Demirtas.
EFE
Manifestantes protestaram contra governo enquanto seguravam cartazes com fotos das vítimas